🔓 Vidraça

08/05/2015

Por Samarone Dias

Renan

Pô, Calheiros, que sacanagem

O presidente do Senado, Renan Calheiros, não gosta de literatura. Estranho seria, se gostasse. Mas poderia ser um pouco mais sensível. No ar desde outubro de 2001, na TV Senado, o programa Leituras acaba de ter seu fim decretado para espanto de todos. Mas em especial do jornalista e apresentador Maurício Melo Júnior, que conduzia o programa desde a estreia com a entrevista de Lya Luft. Ao longo de treze anos, o Leituras manteve periodicidade semanal e fez cerca de seiscentas entrevistas com autores brasileiros, como Lygia Fagundes Teles, Moacyr Scliar e Autran Dourado. Ao final de cada programa, dois livros de literatura brasileira eram analisados.

O motivo

Segundo nota oficial, o motivo para o fim do Leituras é quase uma questão de segurança pública. “Este ano, o Senado estabeleceu como uma de suas prioridades focar o trabalho legislativo em temas importantes da agenda política nacional como a Reforma Política e outros projetos de interesse do país. Em face disso, os veículos de comunicação vão centrar esforços de produção na cobertura intensa do trabalho de mais de 20 comissões temáticas, das reuniões e votações em plenário, além de muitas outras atividades diárias de caráter essencialmente legislativo. Tendo isto em vista, alguns programas de conteúdo não legislativo tiveram suas edições suspensas, caso do Leituras”.

Monteiro Lobato não tinha razão quando disse que uma nação se faz com homens e livros. No caso do Brasil, uma nação se faz com homens e bestas. Mais bestas, é claro.

Portugal Telecom subiu no telhado

O Prêmio Portugal Telecom — que todo escritor deseja ganhar, mesmo aqueles que juram não pensar nisso — acaba de subir no telhado. E parece que de lá vai despencar rumo a uma morte certa. É simples de entender. Os portugueses fizeram negócio com os franceses (é sempre um risco um negócio de português). A Portugal Telecom é agora da Altice. A operadora Oi, que flertou uma fusão com a PT (não com o PT, diga-se) e fez a divulgação do prêmio no ano passado, informou que a Portugal Telecom “está em processo de venda e qualquer decisão sobre a continuação de seus projetos caberá aos novos acionistas da empresa”, após o encerramento das negociações. Parece que quem vai decidir é algum diretor de marketing. Parece que não vai dar certo mesmo.

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Mais uma editora

Lá vem mais uma editora. A Carambaia acaba de estrear com três livros de ficção: Soldados rasos, de Frederic Manning; Juncos ao vento, de Grazia Deledda (foto); e Homens em guerra, de Andreas Latzko. O objetivo é publicar “textos excelentes que merecem uma nova ou inédita edição no Brasil, e buscamos tradutores e designers que desenvolvam um projeto singular para cada uma delas”. Os editores são Fabiano Curi e Graziella Beting.

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O nosso Nobel

Agora, vai. A União Brasileira de Escritores (UBE) indicou o historiador e cientista político Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira para o Prêmio Nobel de Literatura de 2015. Atualmente, ele vive em Heidelberg (Alemanha), onde é cônsul honorário do Brasil. Moniz Bandeira é autor de mais de 20 obras, entre quais estão ensaios políticos e coletâneas de poesias, como Verticais (1956), Retrato e tempo (1960) e Poética (2009). O presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, justificou a indicação: “Moniz Bandeira é um intelectual que vem repensando o Brasil há mais de 50 anos. Com fundamentação absolutamente consistente, suas narrativas são exercícios da literatura aplicada ao conhecimento dos meandros da política exterior, não só do Brasil mas de outros países cujas decisões afetam, para o mal ou para o bem, a vida, a nacionalidade e a própria identidade brasileira”.

 

Rascunho