Em um misto de reconstituição histĂłrica e reportagem, o jornalista Fernando Granato narra os levantes que abalaram a Bahia no sĂ©culo 19 em Bahia de todos os negros, publicado pelo selo HistĂłria Real, da IntrĂnseca.
O livro Ă© narrado a partir da perspectiva do cĂ©lebre advogado abolicionista Luiz Gama, que acaba de receber o tĂtulo de doutor honoris causa pela USP, e sua mĂŁe LuĂza Mahin.
Para escrever a obra, o autor pesquisou nos autos das devassas produzidos no decorrer dos processos judiciais provenientes da Revolta dos Malês (1835) — o maior levante escravo urbano ocorrido no Brasil — e da Sabinada (1837), que tinha como objetivo a independência da Bahia em relação ao poder imperial.
Além da historiografia oficial existente e de fontes primárias, como os relatos orais de remanescentes de irmandades religiosas. O escritor e jornalista realizou uma pesquisa de campo minuciosa ao visitar todos os cenários dos conflitos que ainda existem, para poder descrevê-los.
Como ponto de partida, Granato usa uma carta autobiográfica que Gama enviou, em 1881, ao amigo LĂşcio de Mendonça, para ser publicada no Almanaque Literário de SĂŁo Paulo. No escrito, fica bem evidente o espĂrito aguerrido da mĂŁe, que teve um papel importante nos levantes.
“Minha mĂŁe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinha os dentes alvĂssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida e vingativa. Dava-se ao comĂ©rcio — era quitandeira, muito laboriosa, e mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreição de escravos, que nĂŁo tiveram efeito.”