Em seu novo romance, que chega em junho às livrarias, a carioca Adriana Armony foca mais uma vez sua lupa ficcional nas mulheres e em seus dramas pessoais. Depois de narrar a história da artista modernista Patrícia Galvão em Pagu no metrô, ela lança agora Vamos chamá-la de Maria, que entrelaça a vida de duas mulheres bem destintas.
Na varanda do seu apartamento, uma mulher branca de classe média lê uma matéria sobre uma outra mulher, preta e pobre, vítima de tráfico sexual. Sob o impacto dessa história, passa a imaginá-la, entrelaçando duas narrativas: as suas próprias experiências erótico-amorosas e as noites assustadoras de escravidão sexual dessa personagem que ela chama de Maria e que poderia ser qualquer mulher.
Nesse entrelaçamento em que os homens de uma transitam para a vida da outra, a dicotomia que existe entre as duas personagens ao mesmo tempo se acentua e se dissolve: porque se a sua relação com os homens, em esferas distintas da sociedade, as diferencia profundamente, também as aproxima como mulheres e, mais ainda, aproxima todos aqueles que, independente de classe ou cultura, ainda manifestam machismos muito parecidos, atitudes muito próximas, mudando apenas a maneira de agir e de usar as palavras, para violentar, subjugar ou calar.
“Um romance que investiga os mundos obscuros, muito ligados à sexualidade ou às sexualidades, com uma visão privilegiada, feminina, infelizmente ainda rara na literatura. O paralelo entre as sexualidades femininas, uma ‘livre’ e a outra ‘escrava’, é muito instigante”, escreve o romancista Alberto Mussa sobre a obra.
Escritora, professora do Colégio Pedro ii, no Rio de Janeiro, e doutora em Literatura Comparada pela ufrj, com pós-doutorado na Sorbonne Nouvelle (Paris 3), Adriana Armony publicou os romances A fome de Nelson, Judite no país do futuro, Estranhos no aquário (premiado com a bolsa de criação literária da Petrobras), A feira (finalista do Prêmio Rio de Literatura) e Pagu no metrô.