O livro Poesia reunida (1968-2021), lançado pela Editora 34, traz todos os livros do carioca Leonardo Fróes — de seu primeiro título, Língua franca, lançado há mais de meio século, até o inédito A pandemônia e outros poemas, publicado neste ano.
No conjunto deste “misto de poeta zen e Dom Quixote das letras”, conforme a editora o define, Fróes demonstra suas várias facetas: devoto da natureza, crítico das imposturas nacionais e observador do comportamento humano, com todas suas belezas e desgraças.
“A poesia de Leonardo Fróes faz também da linguagem um animal, um organismo, algo vivo. Sob a calma e placidez das meditações do autor, contemplando outras espécies, pulsa também uma urgência natural como um terremoto ou um toró”, escreve Ricardo Domeneck no texto de apresentação.
Apesar de ter começado a lançar sua obra na época dos beatniks e quando efervescia a poesia marginal brasileira, Fróes parece ter se esquivado do que ditava a cartilha de sua época para se dedicar a versos que não flertavam com a loucura da cidade.
Uma pista de como o autor enxerga a vida, aliás, pode ser conferida nestes versos: “Nem saudade nem pressa: paciência./ Aprender essa arte,/ conjugá-la com a sorte.// Nem mesmo a sede inextinguível/ de inventar necessidades/ para satisfazer-se à larga.// Somente a paciência dos anjos/ que entoam cantos de louvor./ Somente a paciência dos doidos”.
Vivendo em um sítio desde os anos 1970, o poeta teve diversas ocupações e passou tempos fora do Brasil, em Nova York e na Europa. Foi editor, jornalista, enciclopedista e tem um importante trabalho como tradutor — Shelley, Goethe e Faulkner são alguns dos autores que já trouxe para o português.