A editora portuguesa Almedina reeditou o romance Teresa D’Ávila, de Deonísio da Silva. Lançado em 1997, o livro teve uma trajetória de sucesso: foi premiado pela Biblioteca Nacional, ainda quando era inédito, e saudado pela revista americana World Literature Today como um dos grandes romances brasileiros. A obra também teve uma adaptação para o teatro.

O livro narra a infância de meninos em um internato e a sedução exercida sobre eles pelas mulheres e pelos prazeres negados pelo celibato. A vida desses jovens é conduzida por padre Divino que, ao morrer tragicamente, lhes proporciona uma deliciosa surpresa. Eles encontram entre as coisas do padre um manuscrito sobre a história de Teresa d’Ávila. Essa madre espanhola que, isolada no claustro, misturava o místico e o erótico em suas fantasias e devaneios, transforma para sempre a vida desses jovens, que conhecem o desejo, a sexualidade e o fascínio pelo corpo por meio do relato deixado por ela.

O romance concilia o rigor da pesquisa histórica, que destacou os grandes temas e problemas do “século de ouro”, com um estilo coloquial marcado pelas recordações daqueles meninos, fazendo a narrativa oscilar entre o século 16, na Espanha, e o 20, no Brasil.

A Almedina publicará outros oito livros de Deonísio, entre ficção e trabalhos sobre a língua portuguesa. Ainda neste ano sai o romance inédito A tragédia de Albertina Berkenbrock.

Deonísio da Silva nasceu em Siderópolis (SC) e é autor de 35 livros, entre romances, ensaios e obras para o público infantil. Seu livro de estreia, Exposição de motivos, foi levado à televisão por Antunes Filho e recebeu o prêmio de melhor livro do ano em 1976, concedido pelo Ministério da Educação. Seu principal romance, Avante, soldados: para trás venceu o prêmio Casa de las Américas, em juri presidido por José Saramago. O escritor mantém a coluna “Sem Papas na Língua”, na rádio BandNews, onde comenta idiossincrasias da língua portuguesa.