A Carambaia inicia o ano com a publicação do livro de estreia da sueca Selma Lagerlöf (1858-1940), até então inédito no Brasil. Traduzido diretamente do sueco por Guilherme da Silva Braga, o romance A saga de Gösta Berling ganha edição numerada de mil exemplares, com posfácio da francesa Marguerite Yourcenar.
Considerado um dos precursores do realismo fantástico, o livro narra a trajetória errática do personagem-título — um pastor que cai em desgraça devido ao alcoolismo e consegue se reerguer graças à compaixão da mulher mais poderosa do condado de Värmland, na Suécia, onde a história é ambientada.
Ao conceder o Nobel de Literatura à autora, em 1909, a Academia Sueca considerou a narrativa — que traz uma forte presença da natureza e criaturas fantásticas, como duendes e a ninfa da floresta — um rompimento decisivo com o “realismo falso e insalubre” da época.
Nascida em 1858, Selma cresceu na casa senhorial de Märbacka e foi educada em casa por seu pai — responsável por lhe transmitir o amor pela palavra escrita. Mais tarde, tornou-se professora. Após abandonar o magistério por conta do sucesso de seu primeiro livro, dedicou-se a uma obra que passa por temas como o feminismo e o pacifismo.