O livro Mil rosas roubadas, de Silviano Santiago, foi o primeiro dos quatro colocados no Oceanos 2015 – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa, uma correalização do Itaú Cultural e a curadora Selma Caetano. Os demais três vencedores foram, respectivamente: Por escrito, de Elvira Vigna, A primeira história do mundo, de Alberto Mussa e Saccola de feira, de Glauco Mattoso.
A premiação, além de uma estatueta idealizada pela artista Regina Silveira, totaliza R$ 230 mil, e é dividida na seguinte ordem: R$ 100 mil para o primeiro colocado, R$ 60 mil para o segundo, R$ 40 mil para o terceiro e R$ 30 mil para o quarto.
Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, ressaltou que em momentos de crise é importante reafirmar a essência da arte e da cultura. “O prêmio Oceanos reafirma isso ao procurar promover o livro, o autor e a palavra na busca de integrar a literatura de todos os países que falam e escrevem na língua portuguesa”, disse. “Este ano foi de muito aprendizado, no próximo o projeto ganhará ainda mais potência e energia abrangendo de forma mais consistente os livros publicados em português.”
Os quatro vencedores passaram por três etapas desde o encerramento das inscrições na metade deste ano. Na primeira, o Júri Inicial formado por 100 estudiosos da literatura indicados pela curadoria e validados pelo Conselho elegeram por votação online os 63 semifinialistas do total de 592 livros inscritos. Naquele momento, elegeu-se também oito jurados entre seus membros para, com a curadoria, avaliar as obras selecionadas nesta etapa. Na segunda fase, o Júri Intermediário, formado pela Curadoria e pelos oito jurados eleitos anteriormente, avaliou as obras classificadas e elegeu entre elas 14 finalistas. Na segunda-feira, o júri final debateu durante todo o dia até chegar ao consenso dos livros vencedores, Mil Rosas Roubadas, Por Escrito, A Primeira História do Mundo e Saccola de Feira.
O prêmio
O Itaú Cultural anunciou a abertura das inscrições ao Oceanos em junho, depois de reunião realizada no instituto pelo conselho formado pelos estudiosos de literatura Antonio Carlos Secchin, Beatriz Resende, Benjamim Abdala Jr., Flora Sussekind, José Castello, Leyla Perrone-Moisés, Lourival Holanda e Manuel da Costa Pinto, em diálogo com o Itaú Cultural, representado por Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura da instituição. Na ocasião, eles avaliaram e aperfeiçoaram a estrutura original deste prêmio criado em 2003.
Oceanos tem formato similar ao que vinha sendo executado, com o acréscimo de aperfeiçoamentos. A partir desta edição, por exemplo, a inscrição ao prêmio não se dividiu em categorias. Embora valorizando-se cada gênero em suas singularidades, o conselho, a curadoria e o Itaú Cultural entenderam que hoje os textos se indefinem pela mescla de registros e optaram pelo impacto da criação como um todo. O valor da soma dos quatro prêmios finalistas também foi alterado, passando de R$ 200 mil para R$ 230 mil.
Além da capacidade e credibilidade da curadora Selma Caetano e do Conselho do prêmio, o Oceanos 2015 se ancora na estrutura do Itaú Cultural e sua tradição em trabalhar com literatura brasileira, proveniente de programas como o Conexões – Mapeamento da literatura brasileira no exterior e o Rumos, nas áreas de Literatura e Jornalismo Cultural. Em consequência alimenta as suas redes que debatem e trocam experiências no segmento literário. As informações sobre o prêmio estão em www.itaucultural.org.br.
O Itaú e a literatura
Como correalizador do Oceanos, o Itaú Cultural faz parte do processo, estabelecendo vários diálogos com os projetos tradicionais da instituição, como os citados acima, e a história do prêmio. Vale lembrar que o Banco Itaú também tem atuação diferenciada na área ao patrocinar festas e feiras literárias, como a Flip, Flupp e Fliporto, e estabelece outras ações de estímulo à leitura por meio da Fundação Itaú Social.
Comentários sobre os livros premiados produzidos durante a reunião de análise das obras.
Mil Rosas Roubadas, de Silviano Santiago (Companhia das Letras)
Romance de profunda dramaticidade, elaboração autobiográfica e biográfica, no limite entre ensaio e ficção, revela uma resolução narrativa inovadora na obra do autor.
Por Escrito, de Elvira Vigna (Companhia das Letras)
A autora presenta um grande trabalho de ousadia estilística, além de enfrentar temas difíceis com uma agressividade inédita no gênero.
A Primeira História Do Mundo, de Alberto Mussa (Record)
A obra reconta o primeiro assassinato da cidade do RJ ocorrido em 1567. Para isso, o autor combina, de forma habilidosa, romance, ensaio e antropologia, convocando a mitologia a iluminar os pontos obscuros da história.
Saccola de Feira, de Glauco Mattoso (NVersos)
Um livro no qual o passado e o presente da língua se encontram, com a forma fixa dos sonetos sendo renovada pela veia erótica.