Publicado pela primeira vez em 1984 e após anos fora das livrarias, o romance Vagas notícias de Melinha Marchiotti, de João Silvério Trevisan, ganha nova edição. O livro marca o retorno do autor ao catálogo da Record.
A edição vem acompanhada de ensaio de Fábio Figueiredo Camargo, doutor em literaturas de língua portuguesa e pesquisador de literatura homoerótica na Universidade Federal de Uberlândia, que insere o livro de Trevisan na mesma linhagem do pensador transgênero Paul B. Preciado.
A narrativa não linear mistura diários reais, cartas apócrifas, fragmentos narrativos, memórias cinematográficas e poemas obscenos, entre outros gêneros textuais possíveis. Vagas notícias de Melinha Marchiotti trouxe ousadia para a época, confundindo as barreiras entre vida real e literatura ficcional e esmiuçando cenas de relações sexuais homoeróticas.
Quem será Melinha Marchiotti? Por entre suas vagas notícias, brotam mais perguntas do que respostas. Seria talvez uma inclassificável atriz da belle époque, ou uma louca internada por trinta anos num manicômio?
La Marchiotti pode ser um espelho do próprio romance, escrito por um personagem-escritor apaixonado, que debocha quando o acusam de pornográfico, plagiário e impostor. Afinal, o que seria a literatura senão uma senhora obscena que mente para buscar sua própria verdade poética?