Depois de décadas fora de circulação, o romance experimental Mar Paraguayo, escrito pelo paranaense Wilson Bueno, volta às livrarias em uma edição especial, que comemora os 30 anos de lançamento da obra.
Obra mais radical do escritor nascido em Jaguapitã, no interior do Paraná, o romance foi escrito numa língua fronteiriça, em que mistura o português, o espanhol e o guarani. Por conta desse hibridismo linguístico, o livro ganhou edições no Chile, na Argentina e no México sem ser traduzido.
A obra traz um relato em primeira pessoa no qual a narradora, a marafona [prostituta ou boneca sem rosto] de Guaratuba, cidade do litoral paranaense, conta a sua própria história e faz reflexões sobre o sentido da vida e a passagem do tempo.
A edição da Iluminuras mantém a mesma apresentação da edição de 1992, mas o texto foi revisto em confronto com o datiloscrito original, e a ortografia dos termos em guarani foi uniformizada de acordo com critérios de transcrição usados no material bibliográfico com o qual Wilson Bueno trabalhou durante a escrita da novela.
A edição também conta com notas mais desenvolvidas sobre o uso que Bueno faz do idioma guarani, e sobre algumas palavras específicas, que abrem verdadeiros abismos interpretativos. Em “Pequena História Bibliográfica de Mar Paraguayo”, o escritor Douglas Diegues revela algumas das fontes de criação da obra, comentando as edições estrangeiras e iluminando alguns aspectos do processo de escrita de Wilson Bueno, além de apontar para os seus desdobramentos.