Considerado uma “joia da literatura italiana”, Nascimento e morte da dona de casa, de Paola Masino, ganha uma edição no Brasil, publicada pela Instante. O livro entra em pré-venda a partir do dia 12 de maio.
Escrito entre 1938 e 1939, a obra foi avaliada pelos censores do governo italiano e recebeu restrições. Refeita, foi impressa em MilĂŁo, mas a gráfica sofreu um bombardeio, e a tiragem toda se perdeu. Em 1945, foi enfim lançada, mais prĂłxima da versĂŁo original. Nascimento e morte da dona de casa traz uma crĂtica ao fascismo e Ă rĂgida noção de feminilidade que ele promoveu.
Paola tambĂ©m faz questionamentos sobre maternidade, trabalho domĂ©stico e o autoritarismo contido em macro e microrrelações, sempre com acentos humorĂsticos, surrealistas e um instinto rebelde.
Embora fique nĂtida a abordagem da luta da mulher para desempenhar papĂ©is que nĂŁo correspondem a seus desejos, e com isso todo um questionamento da maternidade e do trabalho domĂ©stico invisibilizado, nĂŁo foge ao olhar da autora o contexto histĂłrico da Itália no auge da ditadura de Mussolini.
Desafiando interpretações, a dona de casa de Paola continua sendo uma figura enigmática e desconfortável, cuja determinação insolente para desafiar os baluartes dos papéis femininos tradicionais ultrapassa os limites históricos e ressoa poderosamente entre os leitores contemporâneos.
Intelectual versátil e figura notável nos cĂrculos literários e artĂsticos do sĂ©culo 20, Paola Masino (Pisa, 1908 — Roma, 1989) produziu romances, contos, poemas, libretos de Ăłpera e trabalhou como tradutora e jornalista. Em 1924, sua primeira peça, Le tre Marie, recebeu palavras de encorajamento de Luigi Pirandello, que era um de seus grandes Ădolos.
O encontro com Massimo Bontempelli, já um escritor famoso e trinta anos mais velho, data de 1927: a relação sentimental e profissional vai durar a vida toda. Juntos, foram perseguidos pela ditadura fascista, mas isso nĂŁo os intimidou no trabalho crĂtico ao regime em seus livros e inĂşmeros periĂłdicos em que colaboravam.