🔓 Romance de Anna Kavan evidencia a derrocada do ser humano

No experimental “Gelo”, lançado pela Fósforo, a iminente aniquilação da humanidade faz com que um triângulo amoroso ganhe força
Anna Kavan, autora de “Gelo”
17/02/2022

No romance Gelo, lançado pela Fósforo, Anna Kavan — pseudônimo de Helen Woods — descreve o fortalecimento de um triângulo amoroso em meio ao iminente fim da humanidade, prestes a ser varrida da Terra por uma avalanche de gelo.

A obra, de tom experimental e onírico, foi publicada em 1967 e acolhida com entusiasmo pela crítica, que comparou a autora com nomes como Kafka, Virginia Woolf e Samuel Beckett. Além disso, Anaïs Nin e Doris Lessing também aplaudiram o feito literário.

Três personagens dão corda à história: o narrador, “o guardião” e “a garota”, com seus cabelos brancos de tão loiros, tratada sempre como vítima incapaz e indefesa — o que dá um ar protofeminista ao trabalho de Kavan, que também parece ter antecipado catástrofes climáticas.

“Meio século depois de sua publicação, o delírio febril da autora está começando a parecer real demais”, anotou a The New Yorker sobre Gelo. A revista salienta, ainda, como a leitura é uma “experiência desorientadora” e “esgotante emocionalmente”.

Anna Kavan (1901-1968) morou na Europa, Estados Unidos e Inglaterra. A revolução na sua obra literária aconteceu após um internamento, em 1938, devido a colapsos nervosos e vício em heroína. Gelo surgiu depois desse período.

Gelo
Anna Kavan
Trad.: Camila Von Holdefer
Fósforo
208 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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