Censurado pelo regime comunista e com o passaporte confiscado, um escritor é obrigado a se empregar como gari nas ruas de Praga. Com esse ponto de partida, Ivan Klíma constrói Amor e lixo, romance que CARAMBAIA coloca em pré-venda.
Com tradução direta do tcheco por Aleksandar Jovanović, o volume também traz uma longa entrevista concedida pelo autor ao americano Philip Roth em 1990, com tradução de Paulo Henriques Britto.
O livro se inicia no primeiro dia de trabalho, quando o protagonista conhece o grupo excêntrico de pessoas com quem compartilhará o ofício e mesas de bar. Como tarefa paralela, ele está às voltas com um ensaio sobre Franz Kafka que não terá chances de publicar tão cedo. Sua vida sentimental vive um impasse, dividindo-se entre a esposa, uma médica humanista com quem tem dois filhos, e a amante, uma temperamental escultora casada. Além disso, seu pai agoniza num hospital.
A narrativa se desenvolve no formato de uma colagem reflexiva — os dias de trabalho e amor são entremeados por alguns sonhos, lembranças de infância e muitas reflexões sobre Kafka, seu gênio, sua integridade artística e seus fracassos amorosos.
Escrito entre 1983 e 1986, Amor e lixo foi publicado em 1990, logo depois da queda do comunismo no Leste Europeu e foi o mais bem recebido dos livros de Klíma, vendendo 100 mil exemplares da primeira edição. Além de tratar de temas atemporais, o romance aborda questões das mais atuais, como o conflito Leste-Oeste, a ameaça das armas nucleares, o acúmulo de lixo intratável e até o derretimento das calotas polares.
Klíma escreveu contos, romances, peças de teatro e roteiros de filmes de animação. Sua autobiografia em dois volumes, Meus anos loucos, ganhou o prêmio literário mais importante da Tchecoslováquia, o Magnesia Litera.