Colaborador do jornal Folha de S.Paulo e da revista Quatro Cinco Um, o jornalista Diogo Bercito faz sua estreia como romancista com Vou sumir quando a vela se apagar. Publicado pela IntrĂnseca, o livro chega Ă s livrarias em 18 de julho.
A trama, sobre as dificuldades de lidar com os desejos e a capacidade de tomar para si o prĂłprio destino, revela a histĂłria de Yacub, que passa os dias na companhia de Butrus em um vilarejo da SĂria. Os dois sĂŁo inseparáveis e se deixam encostar casualmente enquanto colhem folhas de uva ou fumam no gramado.
Mas uma agonia crescente toma conta de Yacub quando essa proximidade Ă© ameaçada: Butrus recebera um convite do tio para emigrar para o Brasil e aproveitar as oportunidades de um futuro prĂłspero no paĂs.
A perspectiva do distanciamento não é forte o suficiente para que os dois verbalizem seus sentimentos, mas permite que finalmente se toquem. O ato consumado, no entanto, é seguido de uma tragédia.
O que para os mĂ©dicos Ă© cĂłlera, para Yacub Ă© a ação do lendário jinni que habita o poço de uma casa abandonada, que estava aberto quando os jovens cederam aos seus desejos. Esse Ă© o ponto de virada da narrativa, que passa a ter como cenário a vibrante SĂŁo Paulo do inĂcio da dĂ©cada de 1930.
Em um ambiente marcado pela vontade de se estabelecer e pela infinidade de possĂveis futuros, o passado cisma em se fazer presente para o imigrante, que começa a ter sonhos cada vez mais vĂvidos tendo o jinni como figura persecutĂłria.
AlĂ©m de Vou sumir quando a vela se apagar, Bercito, que Ă© mestre em estudos árabes pela Universidad AutĂłnoma de Madrid e pela Universidade Georgetown, Ă© autor das Hqs Remy e Rasga-Mortalhas — esta, indicada ao PrĂŞmio Jabuti na categoria HistĂłrias em Quadrinhos. TambĂ©m publicou o livro de nĂŁo ficção Brimos, que aborda a participação de imigrantes sĂrios e libaneses e seus descendentes na polĂtica brasileira.