Uma das maiores pensadoras do século 20, a filósofa Hannah Arendt também escrevia poesia. Publicado pela primeira vez no Brasil, a coletânea de versos Também eu danço apresenta 71 poemas escritos ao longo da vida da escritora alemã.

Tendo por base a edição alemã estabelecida apenas em 2015 — uma publicação póstuma e recente —, os poemas reunidos no livro atuam também como sinalizadores da biografia da filósofa, marcando suas influências, alegrias, amores, amizades, perdas e reminiscências.

Dos 71 poemas, Arendt compôs os 21 primeiros entre 1923 e 1926, quando mal entrara na idade adulta — entre os 17 e os 20 anos — e se encontrava em intensa relação (e correspondência) com o filósofo Martin Heidegger, o destinatário ideal e provavelmente também grande inspirador dessas composições de juventude.

Já as demais 50 peças poéticas foram compostas de forma mais esparsa entre 1942 e 1961, e acompanharam diferentes momentos da vida e da produção intelectual da autora. De 1962 a 1975, em seus últimos 13 anos de vida, portanto, a filósofa não mais escreveu poemas.

Em 1964, a autora disse em uma entrevista a Günter Gaus para a TV: “A poesia teve um papel importante em minha vida”. Ela se referia a seu entusiasmo com a poesia grega e a sua dedicação à literatura e às artes.

O escritor e dramaturgo alemão Rolf Hochhuth falou até mesmo da “força poética” de Hannah Arendt, acrescentando que “ela era uma literata completa”. Na escola, ela gostava de aprender poemas de cor e como estudante de filologia clássica podia citar de cabeça obras da Grécia Clássica. Além disso, foi uma leitora ávida de Schiller, Goethe, Heine, Rilke, Brecht e Hofmannsthal, dentre outros. Após a edição original em alemão, a antologia ganhou traduções para o francês, o espanhol, o italiano e o inglês.