Em 2019, Peter Handke foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. O romance A segunda espada: uma história de maio é a primeira publicação literária do autor após receber o Prêmio Nobel de Literatura 2019. A obra foi aguardada com grande expectativa, sobretudo porque a laureação do autor fez crescer a controvérsia envolvendo seu nome e as guerras na antiga Iugoslávia.
O livro não trata dessa polêmica diretamente, mas, por abordar uma vingança contra uma pessoa da imprensa, há quem diga que o texto é uma “alfinetada” da literatura em certo tipo de jornalismo que insiste em alimentar sensacionalismos.
A segunda espada tem um “herói” que abre sua história reconhecendo no espelho diante de si a imagem de um vingador. Esse narrador em primeira pessoa, então, se propõe a vingar sua mãe, acusada por pessoa da imprensa, em um artigo de jornal, de simpatias nazistas. O que ocorrerá com esse projeto de vingança é um biombo para — como sempre em Handke — colocar em cena o ato da escrita.
Seja pela tensão narrativa ou por outras questões estéticas, o fato é que sua campanha vingativa está o tempo todo em digressão. A narração atrasa, como que de propósito, a ação agressiva, preocupando-se em discutir diversas referências literárias, comentar a si mesma e fazer desse adiamento a ação que importa.
Handke publicou dezenas de obras, entre elas várias que marcaram época, como a peça Kaspar (1968), as novelas ensaísticas como Tarde de um escritor (1987), a série de Ensaios e os romances A mulher canhota (1976), Numa noite escura, deixei minha casa silenciosa (1997) e A noite moraviana (2008). Com Wim Wenders, assinou os roteiros de O medo do goleiro ante o pênalti (1972) e Asas do desejo (1987).