O paraense Pedro Augusto Baía, com os contos de Corpos benzidos em metal pesado, e a gaúcha Taiane Santi Martins, autora do romance Mikaia, foram os vencedores da edição 2022 do Prêmio Sesc de Literatura. Os livros dos dois vencedores serão lançados em novembro pela editora Record, parceira do Prêmio Sesc desde a sua criação.
Corpos benzidos em metal pesado foi concebido ao longo dos últimos quatro anos, em um processo de reescrita e constante reflexão do autor. Assim, o livro de contos reflete os seus sentimentos e percepções diante da devastação ambiental, política, de direitos e de afetos.
Nos contos, Pedro tentar descrever um mosaico da geografia, povos, sentimentos e experiências que denunciam as violências, invasões e destruições no Norte do Brasil — e dos corpos que lá residem. A comissão final que selecionou a obra foi composta pelos escritores Natalia Borges Polesso e Paulo Scott.
Já o romance Mikaia narra a história de três gerações de mulheres que viveram e fugiram da guerra civil moçambicana. O livro joga com as diferentes maneiras de se lidar com um passado traumático. Enquanto Mikaia — dançarina de ballet que sofre uma amnésia repentina — quer lembrar, sua irmã, Simi, quer esquecer, e sua avó, Shaira, decide silenciar.
O desenrolar da trama se dá no embate entre as tentativas de Mikaia em recuperar um passado que lhe foi roubado, os retalhos de memória que lhe voltam confusos e a resistência de Simi em renunciar a uma infância inventada e cultivada por vinte anos às custas do esquecimento. O romance foi selecionado pela comissão final composta pelos escritores Itamar Vieira Junior e Luciany Aparecida.
Neste ano, 1.632 livros foram inscritos no Prêmio Sesc de Literatura — 844 em Conto e 788 em Romance. As regiões Sul-Sudeste registraram o maior número de inscritos, liderados pelo estado de São Paulo. “Pela primeira vez, em 19 anos, a categoria Conto recebeu mais obras que Romance. E o balanço de todas as edições do Prêmio nos traz uma grande curiosidade: alcançamos a marca de quatro vencedores dos estados do Pará e Rio Grande do Sul, cada um, mostrando a força da nova literatura destas regiões”, destaca Henrique Rodrigues, analista de Literatura do Departamento Nacional do Sesc.