Em 2013, o Sesc Foz do Iguaçu leva ao pĂşblico um novo projeto voltado Ă leitura e Ă literatura. Organizado em seis encontros, entre os meses de março e novembro, o “Papo literário” propõe conversas, num tom descontraĂdo e acessĂvel, sobre temáticas relevantes no campo da leitura e da literatura.
No encontro que abre o projeto, no dia 14 de março, o jornalista RogĂ©rio Pereira, editor do Rascunho, discute a leitura no cotidiano das pessoas, os mediadores de leitura e polĂticas de governo que estĂŁo sendo colocadas em prática no Brasil.
Na seqĂĽĂŞncia, o escritor e editor Thiago Tizzot debate a literatura fantástica; a arte-educadora Rosy Greca fala sobre contação de histĂłrias; o escritor, poeta e mĂşsico Luiz Felipe Leprevost apresenta e comenta as caracterĂsticas da poesia contemporânea; o professor universitário e tradutor Caetano Galindo trata da tradução literária; e JosĂ© Castello encerra os encontros do projeto, discutindo a crĂtica literária.
14 de março / O lugar da leitura
Com Rogério Pereira
Um paĂs que lĂŞ pouco nĂŁo se desenvolve. Os baixos Ăndices de leitura em nossa sociedade sĂŁo observados, atualmente, como um dos maiores entraves para o desenvolvimento do paĂs, chamando a atenção de instâncias polĂticas, acadĂŞmicas, sociais e empresariais. Fazer com que a leitura faça parte do cotidiano das pessoas Ă© um desafio no qual precisam estar envolvidos instituições governamentais, escolas, organizações sociais e a sociedade como um todo. Que lugar a leitura ocupa no dia a dia dos brasileiros? Que polĂticas de Estado estĂŁo sendo implementadas para que o Brasil se torne um paĂs de leitores? Qual o papel da escola e da famĂlia?
RogĂ©rio Pereira Ă© graduado em Jornalismo, com pĂłs-graduação em Comunicação e GestĂŁo PĂşblica pela Universidade Complutense de Madri (Espanha). Em 2000, fundou o Rascunho, atualmente o principal veĂculo brasileiro especializado em literatura. Coordena o projeto Paiol Literário e faz curadorias para bienais do livro e eventos literários. Atualmente, Ă© o diretor-geral da Biblioteca PĂşblica do Paraná. Escreve crĂ´nicas semanais para o site Vida Breve. Prepara o lançamento de Na escuridĂŁo, amanhĂŁ, seu primeiro romance.
23 de maio / A semântica da literatura fantástica
Com Thiago Tizzot
Gênero narrativo bastante presente nas telas do cinema e na literatura, o texto “fantástico” arrebatou muitos fãs e se popularizou no mundo inteiro, ganhando a preferência, sobretudo, de crianças e de adolescentes. As sagas são povoadas de elementos mágicos e de seres imaginários, tudo bem distante do mundo real. Experiências sobrenaturais e tempo não linear também marcam o estilo das narrativas. De fato, a literatura fantástica seduziu e continua conquistando milhares de pessoas. O que fez este gênero se tornar um fenômeno de vendas? Que significados a literatura fantástica imprime em sua construção?
Thiago Tizzot é escritor, autor dos livros O segredo da guerra e A ira dos dragões e outros contos. É proprietário da Editora e Livraria Arte & Letra.
04 de julho /Â Tecendo histĂłrias
Com Rosy Greca
A arte de contar histĂłrias Ă© milenar e está presente em todas as culturas. A contação de histĂłrias está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, especialmente na cultura das crianças, favorecendo a reflexĂŁo e o contato com questões sociais. Uma histĂłria bem contada, que explora o universo do lĂşdico e da fantasia, pode conduzir o pĂşblico infantil para o universo da leitura, da literatura, da descoberta, do conhecimento. É uma forma de se criar a cultura do livro. Como incutir nos pais e na famĂlia o hábito de contar histĂłrias para os filhos? E na escola, os professores estĂŁo preparados para esse trabalho? Eles se utilizam dessa ferramenta?
Rosy Greca, graduada em Educação Musical e pĂłs-graduada em Fundamentos do Ensino da Arte pela Faculdade de Artes do Paraná (FAP), Ă© compositora, artista, diretora e produtora musical, narradora de histĂłrias, arte-educadora e produtora cultural. Criadora e produtora de espetáculos musicais, teatrais e de narração de histĂłrias para o pĂşblico em geral, com ĂŞnfase na produção artĂstica para crianças. Autora do livro A canção para crianças – uma contribuição ao reencantamento da infância.
19 de setembro /Â Poesia em eterno movimento
Com Luiz Felipe Leprevost
A reinvenção do cotidiano e do humano Ă© uma das possibilidades que a poesia apresenta a todo instante em vigorosas vozes contemporâneas. Busca incessantemente respostas (e faz muitas perguntas) para a máquina do mundo, seu funcionamento e suas contradições. Se, como diria Harold Bloom, Shakespeare inventou o humano, como a poesia brasileira contemporânea o reinventa, o recria? Os poetas acompanham este tempo de transição, de alta velocidade, que nos envolve com voracidade? Ou o tempo da poesia Ă© outro? Que tipo de reflexo a poesia constrĂłi de si mesma? Na algaravia de vozes espalhadas pelo Brasil, que timbre poĂ©tico sobressai? É possĂvel identificar uma marca na poesia contemporânea brasileira?
Luiz Felipe Leprevost nasceu em Curitiba (PR), em 1979. É escritor, poeta, mĂşsico e dramaturgo. É autor dos livros Manual de putz sem pesares, Inverno dentro dos tĂmpanos e Barras antipânico e barrinha de cereal, entre outros. Seus contos e poemas foram publicados em diversos veĂculos. Em 2012, lançou seu primeiro romance, E se contorce igual a um dragĂŁozinho ferido.
22 de outubro / Tradução: o exercer de uma nova mirada
Com Caetano Galindo
Tradutores, filósofos da linguagem, professores, historiadores têm a tradução como a construção de pontes entre culturas estrangeiras, entre a cultura do texto original e a do idioma para qual este texto está sendo transcrito. Discute-se a renúncia pela busca da tradução perfeita como necessidade básica para a recompensa que dela advém. Fala-se ainda da necessidade que o ser humano tem pela comunicação, por conhecer o estrangeiro e se apropriar dele, mesmo que por meio de uma tradução. Assunto por vezes polêmico, tradutores afirmam ainda ter a responsabilidade da reinvenção do texto que estão traduzindo, de inferir suas impressões e entregar ao leitor um texto transformado. Qual o real papel do tradutor enquanto mediador entre a obra original e o leitor? Seria a tradução o exercer de uma nova mirada sobre um texto através do olhar de quem o traduz?
Caetano Waldrigues Galindo Ă© professor do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná. Como tradutor, já escreveu em portuguĂŞs livros de autores como Ian McEwan, Tom Stoppard, Thomas Pynchon e James Joyce. Sua versĂŁo do Ulysses lhe rendeu o prĂŞmio de Melhor Tradução de 2012 da Associação Paulista de CrĂticos de Arte.
21 de novembro / Era meu texto uma crĂtica literária?
Com José Castello
A crĂtica literária tem sido ao longo dos sĂ©culos uma reflexĂŁo sobre a obra de arte. Por vezes, ela abre-se ao debate, em outras tenta convencer ou mesmo convida o leitor Ă contradição. Ao exercermos uma crĂtica sobre uma obra literária, buscamos representar determinados aspectos das realidades culturais, nos âmbitos histĂłricos, sociais, psicolĂłgicos, polĂticos, econĂ´micos ou religiosos. Entretanto, fala-se hoje sobre o fim da crĂtica literária, sobre uma transformação no ato de escrever sobre outra obra. TeĂłricos estudiosos do tema caminham ao lado de jornalistas nĂŁo especializados, ambos divulgando nas mĂdias impressas ou nĂŁo seus pareceres positivos, negativos ou neutros, apenas impressões. Muitas vezes estas reflexões podem ser confundidas ou intituladas como ensaios ou crĂ´nicas, sugestões de um ávido leitor. Afinal, o que seria a crĂtica literária? Ela ainda existe ou tornou-se um termo que precisa ser revisto, redefinido, ou mesmo abandonado?
José Castello nasceu no Rio de Janeiro, em 1951. Jornalista e escritor é colunista do Rascunho e do suplemento Prosa & Verso, do jornal O Globo, onde também mantém o blog A literatura na poltrona. Escreveu livros sobre a vida de Vinicius de Moraes e de João Cabral de Melo Neto. É autor de Inventário das sombras, Fantasma e do romance Ribamar (Prêmio Jabuti), entre outros.
Serviço
Papo literário com Rogério Pereira
Dia 14 de março, às 20h
Local: Biblioteca do Sesc Foz do Iguaçu (Av. Tancredo Neves, 222)
Informações: (45) 3576-1300
Entrada franca.