Nascido em Chinon, importante cidadela medieval francesa, François Rabelais (1483-1553) escreveu quatro obras fundamentais do Renascimento: Pantagruel (1532), Gargântua (1534), Terceiro livro (1546) e o Quarto livro (1548-1552).
Pantagruel e Gargântua são reunidos agora em único volume, como parte das Obras completas de Rabelais publicadas pela editora 34. As aventuras dos gigantes Gargântua e Pantagruel, pai e filho, e suas peripécias em Paris e outros locais, são um dos pontos altos da ficção humorística ocidental.
Sem respeitar nenhuma regra — de verossimilhança, composição épica, hierarquia ou do puro e simples bom senso —, Rabelais revolucionou o romance, parodiando as novelas de cavalaria, os tratados antigos, os preceitos da Igreja e as disputas políticas entre o rei da França e o líder supremo do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V.
Alternando os registros popular e erudito, incorporando listas diversas, poemas e textos nonsense, e se utilizando da picardia, do grotesco e do escatológico para satirizar a pompa dos poderosos, Rabelais antecipou recursos estilísticos que só apareceriam séculos depois na prosa moderna — algo que foi captado pela tradução de Guilherme Gontijo Flores, que também assina a organização, a apresentação e os comentários a cada capítulo de Pantagruel e Gargântua. Completam o volume cerca de 120 ilustrações de Gustave Doré, selecionadas a partir das edições de 1854 e 1873 da obra de Rabelais.
François Rabelais foi um dos nomes mais importantes do Renascimento. Nasceu no interior da França, em data incerta: 1483, segundo as pesquisas mais recentes, ou 1494, segundo outros.
Oriundo de uma burguesia de vínculos rurais, Rabelais se alçou até o alto escalão da nobreza francesa: estudou direito, foi em seguida monge franciscano, depois beneditino, abraçou a apostasia, teve três filhos, formou-se em medicina e trabalhou como secretário da família Du Bellay a serviço do rei Francisco I.
Publicou suas obras mais famosas, as aventuras dos gigantes Gargântua e Pantagruel, verdadeiras sátiras aos poderosos que foram censuradas pela Igreja Católica, a partir dos anos 1530. Faleceu em Paris, em 1553.