Ao longo de sua vida, o escritor Murilo Mendes reuniu um dos mais importantes acervos de arte moderna italiana do país e arte brasileira da primeira metade do século 20. Na coleção constam dezenas de retratos, feitos por nomes como Ismael Nery (1922), Reis Junior (1923), Guignard (1930), Portinari (1931), Vieira da Silva (1942) e Arpad Szenes (1943) e Flavio de Carvalho (1951).
Dando protagonismo a esses personagens que outrora assumiram os pincéis para retratar Murilo Mendes, o artista carioca radicado em Juiz de Fora Guilherme Melich retrata os autores que pintaram Murilo no livro Olhar a(r)mado, publicado pela Funalfa Edições. A obra pode ser baixada gratuitamente no site de Melich.
O poeta, cujo nascimento completa 120 anos em 2021, tem sido descoberto e cortejado, num fenômeno recente, por uma nova geração de leitores. Além das pinturas feitas por Melich de todos os pintores que retrataram Murilo Mendes — três deles postumamente: Carlos Bracher, Nívea Bracher e Pedro Guedes —, o título reúne os desenhos que compuseram o processo e ensaios produzidos por intelectuais de diferentes áreas acerca da série de retratos dos “retratistas”.
Olhar a(r)mado revela referenciais do poeta Murilo Mendes, que por sua vez, ao preservar sua coleção de arte, passaram a influenciar novas gerações de artistas, como observa Guilherme Melich, nascido dez anos após a morte do poeta.