O escritor mexicano Juan Pablo Villalobos ganhou os holofotes do mundo literário em 2010 com o lançamento de seu livro de estreia Festa no covil, traduzido para mais de quinze idiomas pelo mundo. A temática social envolvendo crianças e jovens, presente no seu livro mais conhecido, ressurge na primeira narrativa juvenil do escritor mexicano, Uma viagem cósmica a Porto Ficção.
No romance, Villalobos discute temas como abandono infantil, pessoas em situação de rua, manipulação da mídia e degradação do meio ambiente. A narrativa mistura ficção científica, aventura e questões sociais.
A obra conta a história da garota Nellie, dos gêmeos Sabina e Sabino e do cachorro Boris, que moram na rua e precisam se virar todos os dias para arranjar os Sagrados Tacos e matar a fome. Tacos são uma espécie de sanduíche de tortilha de milho, muito comuns no México.
Em certa ocasião, a garota rouba um celular. É então que a fotografia de um ser misterioso vai mudar suas vidas para sempre: na tentativa de salvar um alienígena, os personagens vão cruzar o caminho de uma perigosa agência do governo especializada em propagar fake news. As ilustrações são de Raysa Fontana e a tradução de Miguel Del Castillo.
Além de Festa no covil, Villalobos publicou sua “trilogia mexicana”, que inclui também Se vivêssemos em um lugar normal (2012) e Te vendo um cachorro (2015).
A edição traz ainda um posfácio escrito por Juan Pablo Villalobos para o público brasileiro. Nesse texto, o autor conta como é a vida das crianças pobres no México, que pedem dinheiro do lado de fora das taquerías (locais que vendem tacos) para poder se alimentar.
“Era nessas meninas e meninos que eu pensava enquanto escrevia Uma viagem cósmica a Porto Ficção […]. Escrevi este livro como se fosse uma montanha de tacos que eu pudesse dar para eles — com cebola e muito coentro —, um milagre que vem de outro planeta, a possibilidade de que tenham um futuro feliz”, diz trecho do posfácio.