A editora Iluminuras acaba de lançar o segundo volume da Obra poética de Yves Bonnefoy, um dos poetas maior destaque na França nas últimas décadas. Os dois volumes que compõem a edição, em apresentação bilíngue, incluem a produção de Bonnefoy até 1993, um poema inédito e um prefácio redigido especialmente pelo autor para a edição brasileira de sua obra. A tradução e organização do livro é de Mário Laranjeira.

Yves Bonnefoy, morto em 2016, foi autor de inúmeros livros de poemas, além de ensaios sobre arte e literatura. Também traduziu peças como A tempestade, Hamlet e Macbeth, dentre outras, de William Shakespeare, além de poemas de William Butler Yeats, John Donne e Giacomo Leopardi.

O conceituado crítico Jean Starobinski diz, no prefácio que escreveu para a reedição de Poèmes, pela Editora Gallimard: “Talvez Bonnefoy (autor de admiráveis narrativas de sonho) chegue, finalmente, a uma trégua armada. Talvez, sem perder a sua esperança do ‘lugar verdadeiro’, chegue a aceitar que o espaço da palavra seja o entre-dois-mundos, e mesmo numa dupla aceitação: entre o mundo árido de nosso exílio e o jardim de presença”.

A obra poética de Yves Bonnefoy já foi traduzida para mais de 20 idiomas e é reconhecida pela crítica como comparável ao que de melhor se produziu na França em todos os tempos. Sua poesia é marcada por uma busca, sem trégua nem concessões, do vrai lieu (lugar verdadeiro) — esperança, sempre a preceder a palavra —, da unidade a ser reencontrada.

Inicialmente ligado ao surrealismo,  Bonnefoy se desvincula do movimento em1947, criticando a gratuidade do imaginário surrealista. Além do surrealismo, suas principais influências são Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Stéphane Mallarmé e Gérard de Nerval, que realizaram, segundo ele, “a verdadeira revolução poética da nossa modernidade”.

Yves Bonnefoy foi também professor do Collège de France na cátdra de Estudos comparados da função poética. Em 1995 recebeu o Prêmio Balzan.