Ainda no embalo das comemorações do centenário de Clarice Lispector, a Relicário lança em breve Escrever de ouvido: Clarice Lispector e os romances de escuta, de Marília Librandi. A autora é brasileira, mas o livro foi publicado primeiro em inglês, enquanto Marília lecionava na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. A edição brasileira tem tradução de Jamille Pinheiro Dias e Sheyla Miranda e texto de orelha de José Miguel Wisnik.
O livro pensa a literatura brasileira pela sua capacidade de escuta e pelas reverberações éticas, estéticas e poéticas do imaginário. Clarice Lispector é lida como ficcionista e como fonte teórica de uma “escrita de ouvido”, de um “romance da escuta”, e de uma “ecopoética”.
São esses os termos que Marília elege para falar de Perto do coração selvagem, pulsante e pictórico, da voz muda de Macabéa, do tic-tac da máquina de escrever, tratada como pessoa por Clarice, das muitas imagens áudio-uterinas de Água Viva e de uma Clarice-Centaura, autora de textos híbridos entre a filosofia e a ficção.