A José Olympio acaba de lançar Uma casa na areia, inédito no país, de Pablo Neruda. A obra reúne poemas em que o Prêmio Nobel de Literatura de 1971 dedica-se ao mar, aos objetos e à vida doméstica em Isla Negra, sua célebre casa à beira do Pacífico.
A coletânea revela o vínculo afetivo do poeta com sua terceira residência, comprada de um marinheiro e transformada, ao longo dos anos, em refúgio e território criativo. Foi lá que Neruda passou seus últimos dias, ao lado da esposa Matilde Urrutia, com quem está sepultado na mesma casa que se tornou museu.
Poesia e imagens que resistiram à ditadura
O volume conta ainda com fotografias de Luis Poirot, amigo de Neruda e um dos nomes centrais da fotografia chilena. Os registros feitos em Isla Negra permaneceram guardados por décadas devido à perseguição política durante a ditadura de Pinochet. Agora, compõem a edição que aproxima a poesia do autor das imagens de seu cotidiano.
O mar como protagonista
No poema O mar, Neruda revela sua relação visceral com o oceano: “O oceano prosseguiu com sua agitação e seu sal, com o abismo. Nunca se encheu de mortos. Procriou na grande abundância do silêncio.”
Para Neruda, o mar é vizinho, amigo e inquilino da casa, um elemento tão vital quanto as bandeiras, âncoras, carrancas, garrafas e peixes que colecionava. Cada objeto, como cada verso, testemunha sua visão mágica da vida.
Sobre o autor
Pablo Neruda (1904-1973) é um dos maiores poetas da língua espanhola. Diplomata e militante político, publicou livros essenciais como Canto geral, Os versos do capitão e As uvas e o vento. Em 1971 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Aclamado por críticos como Harold Bloom e escritores como Gabriel García Márquez, é hoje um dos nomes centrais da poesia do século 20.