Solidão, traumas e as ruínas de uma sociedade pós-pandemia dão o tom do novo romance de Natalia Borges Polesso, A extinção das abelhas. O livro, lançado pela Companhia das Letras, acompanha a difícil trajetória de Regina.
As perdas marcam a vida da protagonista desde cedo. Abandonada pela mãe, que foi embora com o circo, a menina foi criada pelo pai — até que, quando ela estava entrando na vida adulta, o homem morre. A constatação vem já no início da narrativa: “As pessoas vão embora, e isso é uma realidade”.
Criada pelas vizinhas Eugênia e Denise, e tendo como grande companhia a filha do casal, Regina precisa lidar com uma realidade — pós-pandemia, ainda mais desigual do que já é — que desvaloriza sua formação de mestre em literatura.
Aos 40 anos, sem perspectivas, a mulher vê um anúncio sobre camgirls na internet e, usando uma máscara de gorila, começa a fazer dinheiro nessa terra sem lei. Ao suprir os desejos reprimidos de seus clientes virtuais, ela enfrenta seus próprios demônios.
De acordo com Carola Saavedra, que já conversou com Natalia na coluna Conversas flutuantes, a voz da autora gaúcha é “definitiva, forte e essencial em nossa literatura, porque nos fala daquilo que esteve por tanto tempo em silêncio”.
Natalia Borges Polesso nasceu em Bento Gonçalves (RS), em 1981. Publicou, entre outros livros, o romance Controle (2019) e os contos de Amora (2015), vencedor do Prêmio Jabuti. Faz pós-doutorado em literatura na Universidade de Caxias do Sul.