No romance Princípio de Karenina, lançado pela Companhia das Letras, o português Afonso Cruz constrói o relato de um pai que, ao dirigir-se à filha que não conheceu, reflete sobre a felicidade e reconstrói identidades.
“Eu seria muito infeliz num mundo feliz. Ela seria feliz em qualquer mundo”, anota o narrador no início da obra, em uma referência à célebre abertura do romance de Tolstói. Ele diz, ainda, que “escrever-te é minha transubstanciação, de pão em palavra, de palavra em pai”.
Para dar contornos à história, o personagem propõe uma viagem memorialística pelo Camboja e Vietnã, recuperando pessoas e geografias que foram presentes na trajetória dele, que afirma se encontrar em um local no qual, para entrar, é preciso abandonar toda esperança.
“O romance é sem dúvida um dos trabalhos mais descarnados, concisos e ao mesmo tempo belos do escritor”, escreve Gonçalo Correia n’Observador. Flores (2016) e Jesus Cristo bebia cerveja (2014) são outros dois livros de Cruz publicados no Brasil.