O retrato pintado de um médico francês é o ponto de partida de O homem do casaco vermelho, mais recente livro do inglês Julian Barnes publicado no Brasil, que sai pela Rocco. O livro se desenrola a partir da vida do médico francês Dr. Samuel Jean de Pozzi, célebre em seu tempo, porém desconhecido do público atual.
Feita pelo pintor John Singer Sargent, a pintura que dá nome ao livro e retrata o Dr. Pozzi, pioneiro da moderna ginecologia, serve para que Barnes revele um painel da vida cultural da Belle Époque, no qual não faltam os toques dramáticos dos duelos e dos assassinatos de médicos por pacientes insatisfeitos.
Em uma visita ao National Portrait Gallery, o escritor britânico encontrou a pintura do Dr. Pozzi e a curiosidade o levou a reconstituir a vida do médico que viveu entre 1846 e 1918. O homem do casaco vermelho também apresenta uma verdadeira constelação de estrelas das letras, das artes cênicas, das artes plásticas e da medicina, que quebraram todos os paradigmas criativos e comportamentais da época, desbravando caminhos que ainda trilhamos nos dias de hoje.
Sarah Bernhardt, o maior mito do teatro em todos os tempos, foi uma das suas muitas amantes. Adrien e Robert Proust, pai e irmão do escritor Marcel Proust, foram médicos colegas seus, enquanto o próprio Marcel foi seu amigo, assim como Oscar Wilde, o conde Robert de Montesquiou, Joris-Karl Huysmans e Jean Lorrain, todos precursores no combate à homofobia.
Julian Barnes Ă© um dos mais destacados ensaĂstas ingleses da atualidade, alĂ©m de romancista consagrado. ApĂłs se diplomar em Letras Modernas, em 1968, ele trabalhou durante trĂŞs anos como lexicĂłgrafo do importante Dicionário Oxford, direcionando-se depois para a crĂtica literária e de televisĂŁo. Entre suas numerosas premiações figuram o Man Booker Prize, o Sommerset Maugham e o MemĂłria Geoffrey Faber.