No romance Afirma Pereira, em pré-venda pela Estação Liberdade, Antonio Tabucchi constrói a turbulenta vida interior do personagem português que dá nome à obra, em uma história ambientada na Lisboa de 1938.
Pereira é diretor do caderno cultural de um pequeno periódico da capital portuguesa. Dentre as muitas coisas que afirma ao longo da obra, sendo este um de seus vários maneirismos, está o fato de que não pode fazer muito mais pelo jornal do que traduzir contos franceses do século 19.
É nessa modorra que o protagonista vive, assombrado pela morte da esposa e lutando para sentir uma culpa que não o consome — tanto que, em determinado momento, pensa em ir falar com o padre António, com o qual conversa regularmente, para confidenciar que gostaria de se arrepender. De quê?
A narrativa, chafurdada na ditadura salazarista, tem uma reviravolta quando Pereira encontra um jovem bacharel de Filosofia para ser seu estagiário e escrever, especificamente, necrológios de escritores. Logo se percebe que o rapaz não é muito de cumprir ordens, e se desenvolve uma estranha situação de dependência à la Bartleby, o escrivão, de Melville.
Antonio Tabucchi nasceu em Pisa, na Itália, em 1943. É tido como um dos maiores especialistas em Fernando Pessoa, do qual traduziu toda obra — ao lado da esposa, Maria José de Lancastre — para o italiano. Afirma Pereira é o primeiro de muitos livros que a Estação Liberdade irá traduzir do autor, morto em 2012.