O crítico literário Alfredo Bosi morreu nesta quarta-feira, aos 84 anos, em São Paulo. Ele havia contraído Covid-19 nos últimos dias e estava internado. Bosi era ocupante da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos maiores críticos literários do Brasil. Escreveu, entre outros livros, Dialética da colonização, de 1992, e Brás Cubas em três versões: Estudos machadianos, de 2006.
Alfredo Bosi nasceu em 26 de agosto de 1936 e fez carreira na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) com ensino de literatura. Descendente de italianos, em 1960 recebeu uma bolsa de estudos na Itália e ficou um ano letivo em Florença. A partir daí focou sua Sua produção em grandes autores italianos, como Luigi Pirandello e Giacomi Leopardi.
Em 2012, em entrevista ao Rascunho, ele falou sobre sua formação. “Fui educado, bem no princípio da minha formação, na leitura das obras de Benedetto Croce, que era realmente o centro dos estudos literários da Itália”, diz. “Mas fui educado já na Universidade de São Paulo, quando estudioso e depois professor de literatura italiana, em uma estética que insistia na separação, na divisão.”
De volta ao Brasil, assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP. Embora professor de literatura italiana, sempre teve grande interesse pela literatura brasileira, o que o levou a escrever os livros Pré-Modernismo (1966) e História concisa da literatura brasileira, que ele publicou em 1970, quando tinha apenas 34 anos. O livro é ainda hoje muito estudado.
Também é autor de estudos célebres sobre Machado de Assis, Jorge de Lima, Guimarães Rosa e Cecília Meireles. Em 1997, se tornou diretor do Instituto de Estudos Avançados da universidade e foi editor da revista Estudos Avançados durante vários anos.