Morreu nesta terça-feira (5) o poeta e tradutor Ivo Barroso. Ele tinha 91 anos e há cerca de uma semana sofreu uma queda em casa. Após alguns dias internado, acabou não resistindo. Ele será cremado hoje, às 15h, no Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro.
Barroso nasceu no interior de Minas Gerais, em Ervália, em 1929. Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a despontar como tradutor da lĂngua inglesa, ligando-se ao grupo de poetas concretos.
Em sua extensa carreira, publicou mais de 30 traduções de grandes autores, entre eles Rimbaud, Baudelaire, Edgar Allan Poe, Jane Austen, Marguerite Yourcenar, Umberto Eco, André Gide, Ítalo Calvino e Hermann Hesse.
“Tio Ivo manifestou desde cedo sua veia artĂstica”, diz Alexandre Borges, sobrinho-neto do tradutor, em entrevista ao Rascunho. “Em uma Ă©poca em que ser artista nĂŁo era visto com bons olhos pela famĂlia, ele teve que se formar em Direito, ter emprego formal no Banco do Brasil, mas a arte aos poucos tomou conta de sua vida.”
Um de seus trabalhos mais reconhecidos foi a tradução dos sonetos de Shakespeare, publicada pela primeira vez pela Nova Fronteira, ainda sob o comando de Carlos Lacerda, fundador da editora. Por conta do domĂnio linguĂstico, Barroso era chamado de “PrĂncipe dos tradutores” pelo crĂtico Antonio Candido.
“Ele tinha uma cultura enciclopĂ©dica, tanto que o Lacerda o contratou para ajudar no trabalho de uma enciclopĂ©dia, mesmo Barroso tendo exposto a ele crĂticas que escreveu em jornais sobre a atuação polĂtica do editor”, diz Borges, que Ă© comentarista polĂtico da CNN Brasil.
Durante anos Barroso morou no exterior. Viveu na Inglaterra, SuĂça e França. Em Portugal, foi editor da revista Seleções do Reader’s Digest. No Brasil, trabalhou como editor-adjunto do Suplemento Literário do Jornal do Brasil.
Ganhou por duas vezes o prĂŞmio Jabuti de tradução: por Prosa poĂ©tica, de Rimbaud, em 1998, e Os gatos, de T. S. Eliot, em 1992. TambĂ©m escreveu tĂtulos autorais, como Nau dos náufragos (1982) e Visitações de Alcipe (1991), editados em Portugal, e A caça virtual e outros poemas (2001), lançado no Brasil pela Record.