Autor de A insustentável leveza do ser, um dos principais romances do século 20, o tcheco Milan Kundera morreu em Paris aos 94 anos. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (12) pelo grupo editorial francês Gallimar. Segundo a editora, Kundera morreu na terça-feira (11) na capital francesa. A causa da morte não foi divulgada.
O escritor se exilou na França apĂłs ser condenado em seu paĂs natal por criticar a invasĂŁo de tropas soviĂ©ticas Ă Tchecoslováquia, em 1968, que reprimiu a “Primavera de Praga”, como ficou conhecido o movimento de democratização feito pelo governo da Ă©poca.
Sues primeiros romances abordam as perversões ideológicas do regime comunista por meio de personagens vitimados pela história, mas também por suas escolhas pessoais. A brincadeira, seu primeiro romance, é uma reflexão sobre o bem e o mal em que o protagonista é expulso da universidade meramente por ridicularizar o regime em cartão-postal enviado à namorada.
Os romances mais recentes do autor — A imortalidade, A lentidão, A identidade e A ignorância — tratam da complexidade do desejo humano, da identidade e da história individual, denunciando o ethos efêmero e destrutivo da sociedade contemporânea.
Kundera chegou a perder a nacionalidade tcheca e foi naturalizado francĂŞs. Anos depois, ele ganhou o PrĂŞmio Nacional de Literatura de seu paĂs de origem. O autor era elogiado por seu estilo de retratar temas e personagens que flutuavam entre a vida cotidiana e o mundo das ideias.
Um dos principais romances do século 20 , A insustentável leveza do ser, lançado em 1984, inicia justamente com tanques soviéticos rodando por Praga, a capital tcheca, onde o autor viveu até 1975, quando se exilou em Paris.
Com um texto profundamente pessoal, a obra foi aclamada pela crĂtica e deu a ele reconhecimento, com um grande nĂşmero de leitores entre os ocidentais, que abraçaram tanto sua subversĂŁo antissoviĂ©tica quanto o erotismo presente em muitas das suas obras.
A histĂłria tem como pano de fundo a Primavera de Praga, em junho de 1968, com a invasĂŁo soviĂ©tica do paĂs que durou atĂ© agosto daquele ano. A trama segue um cirurgiĂŁo de Praga, que se exilou em Geneva e retorna para casa.
Ao se recusar a se curvar ao regime comunista, Tomás se torna um lavador de janelas e usa sua profissão para ter relações sexuais com suas clientes. Ele abraça a “leveza” e justifica suas ações com base na fidelidade emocional que tem por sua esposa, Tereza.