O livro de memórias do cantor e compositor americano Mark Lanegan, Sing backwards and weep, virou sucesso desde que foi lançado no mercado de língua inglesa. Com ótimas vendas e críticas empolgadas, a obra ganhou uma versão em português, com tradução de Carlos Messias e editada pela pequena Terreno Estranho, especializada em livros sobre música alternativa.
Com uma vida pra lá de atribulada, Lanegan narra como cresceu em uma família desestruturada, com uma mãe abusiva, o que o levou rapidamente aos delitos e às drogas, ainda na infância. Ele descreve também o tumultuado processo de ascensão e queda do Screaming Trees, que começou como uma banda briguenta de bar e se tornou mundialmente famosa ao emplacar um single na posição cinco da parada alternativa da Billboard.
Com isso, conseguiu uma performance notória no Late Night with David Letterman, onde Lanegan apareceu ostentando um olho roxo de uma briga na noite anterior. Lanegan leva os leitores de volta às ruas sinistras e cheias de agulhas de Seattle, para uma cena de música alternativa (o Grunge) que estava, simultaneamente, explodindo de criatividade e dominada pelas drogas.
Ele cairia em desgraça como um traficante de crack de baixo escalão e viciado em heroína, o tempo todo assistindo alguns de seus amigos mais próximos dispararem para a vanguarda do cenário musical.
Um dos trechos do livro que tem sido mais comentados, é o que revela que Lanegan não atendeu o telefonema do amigo Kurt Cobain horas antes do líder do Nirvana se suicidar.
O livro também mergulha nas lutas pessoais de Lanegan contra o vício, culminando numa fase homeless (sem teto), crimes mesquinhos e na morte trágica de seus amigos mais próximos. Da parte de trás da van à frente do bar, do quarto de hotel à sala de emergência, no palco, nos bastidores e em todos os outros lugares, Sing Backwards and Weep revela as entrelinhas abrasivas de uma das décadas mais romantizadas da história do rock.