Poeta e romancista, a carioca Adriana Lisboa lança agora seu primeiro livro de memórias. Todo o tempo que existe ressignifica as formas vivas a partir da experiência de luto, prestando um tributo a quem, no tempo, já não existe.
O livro é uma experiência tanto autobiográfica quanto coletiva, no momento em que a compartilha com leitores e leitoras que vivenciaram dores e viram suas vidas com outra perspectiva após vivenciar a perda de um ente querido.
Adriana parte do acontecimento da morte de seus pais (ela em 2014, ele em 2021) e percorre reflexões em torno da finitude, o que também quer dizer em torno da vida e do mistério, da memória e do amor.
“Talvez as narrativas escritas ou inventadas e a narrativa da nossa vida tenham um parentesco muito próximo.” Ao percorrer essa travessia em primeira pessoa com a autora, o leitor passeia com ela por diversas paisagens: as árvores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, as azaleias de Laranjeiras, o solo do sítio da família onde cinzas compõem o chão de terra batida, as letras de outros autores, lembranças familiares.
No texto de orelha, a romancista Adriana Lunardi ressalta que “mais que um entendimento sobre os extremos da vida, o que lemos é um testemunho pessoal moldado pela memória e por um agudo senso de observação”.
Valendo-se de interlocuções com Marguerite Duras, Rosa Montero, Mahmoud Darwish, Reinhold von Walter, Joan Didion, Antonio Callado, Val Plumwood, Byung-Chul Han, entre outras vozes, a escritora dá lugar a uma Adriana em família para narrar a morte dos pais, ocorrida em diferença de poucos anos. “Dura quanto o amor para ser amor?”, pergunta-se a narradora.