A poesia de Gilka Machado volta ao centro das atenções com o lançamento de Poesia completa (Círculo de Poemas), volume que reúne toda a produção publicada da autora. Considerada uma das grandes vozes da literatura brasileira, Machado nasceu em 1893, no Rio de Janeiro, e estreou muito jovem, em meio às influências parnasianas e simbolistas e à efervescência modernista. Desde o início, destacou-se pelo erotismo, pela liberdade formal e por uma marca pessoal inconfundível, o que lhe rendeu tanto elogios de nomes como Olavo Bilac, Mário de Andrade e Drummond quanto difamações no meio intelectual.
O novo volume reúne integralmente os livros Cristais partidos (1915), Estados de alma (1917), Mulher nua (1922), Meu glorioso pecado (1928), Sublimação (1938) e Velha poesia (1965), com texto fixado a partir da última edição revista pela própria autora. A edição traz ainda um posfácio da jornalista Jamyle Rkain; um ensaio crítico de Nádia Battella Gotlib, professora aposentada da USP; e um depoimento concedido por Gilka Machado em 1979 a Gotlib e Ilma Ribeiro.
Figura central na luta pelos direitos das mulheres, Gilka Machado participou, em 1910, da fundação do Partido Republicano Feminino e atuou pela conquista do voto feminino. Em 1978, em nota autobiográfica, afirmou: “Sonhei ser útil à humanidade. Não consegui, mas fiz versos. Estou convicta de que a poesia é tão indispensável à existência como a água, o ar, a luz, a crença, o pão e o amor”. A autora recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras em 1979 e faleceu no Rio de Janeiro em 1980.