O livro O Treze de Maio: e outras estórias do pós-Abolição reúne pela primeira vez contos do escritor maranhense Astolfo Marques em livro. Organizada por Matheus Gato, a obra traz prefácio assinado por Paulo Lins, autor de Cidade de Deus.
O livro reúne 17 narrativas breves, concentradas no retrato das reverberações do fim da escravatura em uma região especialmente vitimada pela brutalidade, como foi o Maranhão. Na época em que foi publicada, a ficção de Astolfo Marques chegou a ser entendida pela crítica de seus dias como um mero espelho irrefletido dos tempos.
Por pouco não foi completamente apagada, permanecendo restrita aos arquivos históricos da imprensa maranhense até que o sociólogo e pesquisador Matheus Gato resgatasse e reunisse pela primeira vez os contos do autor maranhense.
Em seu retrato da vida anônima, Astolfo Marques denuncia um Brasil que flerta, em discurso e ação, com uma república urbana e importada, mas que abriga em sua cartografia humana as marcas e as consequências de um passado que ainda se faz presente.
Pouco conhecido entre os leitores brasileiros, Raul Astolfo Marques nasceu em São Luís do Maranhão, em 1876. Escritor, jornalista e tradutor, publicou contos e crônicas nos principais periódicos maranhenses de sua época. É autor dos livros A vida maranhense (1905), De São Luís a Teresina (1906), Natal (1908) e A nova aurora (1913).
Autodidata, trabalhou como contínuo na Biblioteca Pública do Maranhão, foi um dos fundadores do grupo de intelectuais Oficina dos Novos, que deu origem à Academia Maranhense de Letras, da qual foi membro.