Uma nova edição de Livro do desassossego resgata um dos textos literários mais brilhantes em língua portuguesa e obra essencial entre os livros de Fernando Pessoa. O poeta português escreveu estes fragmentos ao longo de pouco mais de 20 anos, de maneira irregular e espaçada. Não chegou a estabelecer a obra, mas deixou muitas anotações. O livro editado pela Todavia traz organização e introdução de Jerónimo Pizarro, especialista responsável por dezenas de estudos e publicações acerca do poeta lusitano.
O Livro do desassossego foi quase todo escrito durante um período em que Portugal e Europa experimentavam uma longa crise: guerras, ascensão do fascismo e a chegada de Hitler ao poder. No entanto, “desassossego não tem a ver com pessimismo, mas com instabilidade, com a incapacidade de firmar posição”, como observa o escritor Tiago Ferro no posfácio.
Instabilidade de um grande sonhador que, em meio a um mundo em transformação, se dedica a uma profunda reflexão sobre a vida e o que pode instigar um espírito irrequieto: “A minha vida é uma febre perpétua, uma sede sempre renovada.”
A prosa poética de Fernando Pessoa ecoa suas influências e seu ideal: ter “a sensibilidade de Mallarmé dentro do estilo de Vieira; sonhar como Verlaine no corpo de Horácio; ser Homero ao luar.” Livro do desassossego faz uma combinação entre poesia, filosofia e a extraordinária sensibilidade de Fernando Pessoa.