Um dos cineastas mais importantes da atualidade, Werner Herzog tem seu livro O crepúsculo do mundo publicado no Brasil pela Todavia. A obra chega no começo de abril às livrarias.
Entre o romance e a biografia, a obra conta a história do jovem tenente japonês Hiroo Onoda, que se recusa a acreditar no fim da Segunda Guerra Mundial. Ele e seus três companheiros de guerrilha “põem-se a caminho pelas décadas que têm pela frente”.
Último sobrevivente, e certo de que o fim da guerra não passa de uma mentira do inimigo, Onoda levará quase trinta anos para ser convencido a finalmente se render. Seu relato, baseado em entrevistas que fez pessoalmente, reconstitui os fatos, mas também é permeado de pensamentos estéticos e filosóficos.
Os detalhes às vezes soam alucinógenos: um saco de roupas sujas infla com um bolor que parece algodão-doce, um chiclete num tronco de árvore se torna o sinal inequívoco de uma emboscada. Onoda anda de costas para que suas pegadas apontem na direção contrária e despistem o inimigo.
No céu, em impressos e transmissões de rádio, sinais do progresso podem lhe parecer incompreensíveis: um satélite artificial passeando entre as estrelas, uma página de jornal tomada de anúncios, um avião que voa sem hélices.
Onoda matou inocentes, tornou-se uma lenda local, foi anistiado pelo governo filipino e recebido como herói no Japão após se entregar. Viveu algum tempo no Brasil e faleceu aos 91 anos, em Tóquio.