O novo livro da escritora, tradutora e roteirista Leda Cartum, Formas feitas no escuro, transita entre gêneros como a fábula, a crônica e a poesia. A obra, lançada pela Fósforo, traz texto de orelha assinado pela poeta Angélica Freitas, que destaca justamente a confluência de gêneros no livro. “Talvez essa questão do gênero (é poesia? É prosa?) nem nos interesse. Importa aqui o trabalho da imaginação, o trânsito do escuro para o claro, e vice-versa.”
A roda narrativa destes minicontos passa da terceira Ă primeira pessoa enquanto as formas dos enredos se avolumam. Os personagens sĂŁo sujeitos de outros tempos, desde o passado longĂnquo ao futuro incerto. As histĂłrias estĂŁo repletas de tentáculos e novelos que se desenrolam tentando capturar a frequĂŞncia limĂtrofe entre a realidade e o sonho.
No livro, Leda Cartum propõe uma poĂ©tica cheia de texturas — da terra Ăşmida, das cascas de folhas secas, da madeira do chĂŁo de taco. É impossĂvel descrever os contos sem enumerar as feras, os gatos noturnos, os detalhes, a elasticidade do tempo, a escuridĂŁo vibrante da natureza. De modo lĂşdico, Cartum propõe que se preste atenção aos segredos do mĂłvel mais estático no canto de um cĂ´modo qualquer.
Além de Publicou As horas do dia: pequeno dicionário calendário (7Letras, 2012), O porto (Iluminuras, 2016) e Bruno Schulz conduz um cavalo (Relicário, 2018). Ao lado de Sofia Nestrovski, é corroteirista e locutora do Vinte mil léguas: o podcast de ciências e livros, que deu origem ao livro As vinte mil léguas de Charles Darwin (Fósforo, 2022).