Em seu novo romance, o escritor e crítico Luiz Antonio de Assis Brasil volta a Viena do século 18 para narrar uma história inspirada no compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Leopold — uma novela, será lançado em Porto Alegre, em 17 de junho, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/n — Centro Histórico).
O livro marca também a chegada da editora Zain, cuja proposta é unir literatura e música, em obras de ficção e não ficção, “desde que tenham alguma relação com a música, ou melhor, as músicas, no plural”, como pontua o editor e compositor Leonardo Silva, idealizador do projeto.
No livro de Assis Brasil, que é colunista do Rascunho, uma questão existencial atormenta um ilustre músico durante uma viagem noturna em uma diligência que vai de Viena para Salzburg. Estamos em 1785 e, perante dois ouvintes adormecidos, o músico rememora seu percurso como pai de um prodígio. Ele quer mostrar ao juízo da História que sempre proporcionou o melhor para o filho, quis fazê-lo o maior compositor da Europa e quando se dá conta de que o filho já atingiu essa condição, vê diante de si apenas um vazio e uma vertigem.
Homem que dominava todas as áreas do saber, católico fervoroso e iluminista, erudito, escritor, pedagogo, músico reconhecido por seus pares, mas que passou à posteridade, sobretudo, como o pai de Wolfgang Amadeus Mozart, Leopold ganhou fama ambígua. Os estudiosos sabem que possuía luz própria e, principalmente, conhecem seu decisivo papel na formação intelectual e musical do filho.
O grande público, ao desconhecer esse fato, é levado a concebê-lo como uma figura autoritária, circunspecta e egoísta. Talvez tenha um pouco dessas qualidades, sim, mas temperadas por um grande amor a Wolfgang, a ponto de voltar seus esforços para o ensino do filho e abrir mão da carreira de compositor a partir do momento em que Wolfgang deu mostras de uma precocidade que ainda hoje maravilha o mundo.
Colunista do Rascunho, Assis Brasil é autor de uma vasta obra, que incluI livros de ficção premiados e trabalhos de teoria literária. Há mais de 35 anos conduz uma bem-sucedida oficina de criação literária na PUC-RS. Quando jovem, Assis Brasil foi violoncelista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e sua obra tem relação íntima com a música.