🔓 John Banville diz que diversidade virou culto religioso na literatura

Autor irlandês, vencedor do Booker Prize em 2005, afirma que dificilmente ganharia o prêmio hoje, pois é um “homem branco e heterossexual”
O irlandês John Banville, autor de “O mar”
02/12/2020

(02/12/20)

A imprensa do britânica tem repercutido algumas declarações polêmicas do irlandês John Banville a respeito do Booker Prize — principal honraria da literatura de língua inglesa — e do movimento “woke” (acordar), que pede mais diversidade na literatura.

Vencedor do Booker em 2005, por O mar, que foi adaptado para o cinema em 2013, Banville foi questionado se poderia vencer o concurso hoje. “Não gostaria de começar agora, certamente. É muito difícil, porque sou um homem branco e hétero”, disse o autor de 74 anos em sua participação no Hay Festival Winter Weekend.

“Eu desprezo esse movimento do ‘acordar’. Por que eles estavam dormindo por tanto tempo? As mesmas injustiças estavam acontecendo. Isso se tornou um culto religioso. Você vê gente ajoelhada na rua, com os punhos cerrados — isso não vai fazer nada pelos negros.”

Nos últimos anos, a lista de vencedores do prêmio britâncio tem apresentado maior diversidade, com mais mulheres, negros e imigrantes.

O mais recente vencedor do Booker é o escocês Douglas Stuart. Shuggie Bain, seu romance de estreia, é um relato autobiográfico de seu crescimento como filho gay de uma mãe alcoólatra na Escócia dos anos 1980.

Esta não é a primeira vez que Banville lança um ataque público mordaz, tendo anteriormente como alvo seus colegas Salman Rushdie e Ian McEwan.

Durante uma aparição em um festival literário em Cork, em seu país de origem, em 2012, Banville foi questionado se ele havia sido influenciado por Rushdie.

“Salman Rushdie não tem qualquer importância para mim”, respondeu. “Ele não é um escritor sério.”

Ele também destruiu o romance Sábado, de Ian McEwan, em uma resenha para o New York Times, rotulando-o como “um livro terrivelmente ruim”.

Os vencedores do Booker Prize desde 2005:

2005: John Banville, O mar
2006: Kiran Desai, O legado da perda
2007: Anne Enright, The gathering
2008: Aravind Adiga, O tigre branco
2009: Hilary Mantel, Wolf hall
2010: Howard Jacobson, A questão Finkler
2011: Julian Barnes, O sentido do fim
2012: Hilary Mantel, Bring up the bodies
2013: Eleanor Catton, Os luminares
2014: Richard Flanagan, O caminho estreito para os confins do norte
2015: Marlon James, Breve história de sete assasinos
2016: Paul Beatty, O vendido
2017: George Saunders, Lincoln no limbo: um romance
2018: Anna Burns, Milkman
2019: Margaret Atwood, Os testamentos; Bernadine Evaristo, Garota, mulher, outras
2020: Douglas Stuart, Shuggie Bain

Rascunho

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