🔓 Flip comemora 20 anos com retorno do público a Paraty

Com homenagem a Maria Firmina dos Reis, edição começa nesta quarta (23) e segue até domingo (27); confira a programação
Público da tenda principal da Flip, que começa nesta quarta (23) e segue até domingo (27)
23/11/2022

Começa nesta quarta-feira (23) a 20ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e o grande atrativo é a volta do público às mesas em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, onde o evento acontece. Para ver online, acesse aqui.  

A edição homenageia Maria Firmina dos Reis. As personagens e narrativas da autora têm inspirado coletivos de leitura, professoras e autoras contemporâneas com sua linguagem, imagens e abordagens de um Brasil real e ficcional que atravessa duzentos anos de uma independência controversa. À autora serão dedicadas duas mesas na programação principal da Flip.

Embora não haja certeza sobre a data, o mais provável é que Maria Firmina dos Reis tenha nascido em 1822. Escritora e educadora, em 1859 lançou Úrsula, romance que inaugura, no Brasil, a linhagem da literatura abolicionista e que, após anos de apagamento, vem paulatinamente ganhando mais atenção, dentro e fora do Brasil.

Professora de primeiras letras em Guimarães, no Maranhão, sua obra se construiu praticamente em paralelo à literatura majoritariamente masculina e branca dos círculos literários brasileiros.

Coletivo curatorial
Neste ano a Flip optou por um coletivo de curadores, formado por três profissionais: A gaúcha Fernanda Bastos é jornalista, tradutora e editora de livros. Fundou, ao lado do crítico literário Luiz Mauricio Azevedo, a editora Figura de Linguagem, casa negra e independente sediada em Porto Alegre, para a qual colabora com traduções, como a do volume de poemas da afroamericana June Jordan. Atua como apresentadora na TVE RS e no podcast Onda Negra, da Plataforma Feminismos Plurais.

Baiana de Salvador, Milena Britto é professora na Universidade Federal da Bahia e, entre outros temas, pesquisa gênero, literatura e estratégias de legitimação no campo literário. Foi professora visitante na Universidad Andina Simón Bolívar, no Equador, e pesquisadora visitante na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. Além da carreira acadêmica, tem atuação em políticas públicas para a área de literatura, participa de ações voltadas para a difusão de leitura, é crítica literária e curadora de diversos projetos culturais.

Pedro Meira Monteiro é professor brasileiro na Universidade de Princeton, onde fundou, com João Biehl, o Brazil LAB (Luso-Afro-Brazilian Studies), que congrega pesquisadores de diversas áreas e inúmeros países. É autor, tradutor e organizador de diversos livros e foi pesquisador-visitante e palestrante em universidades no Brasil e no mundo. Na E-galáxia dirige, com Ricardo Lísias e Tiago Ferro, a série Peixe-elétrico Ensaios.

Confira o programa principal da Flip:

Quarta-feira, dia 23
20h
Mesa 1: Pátrios lares
Mesa dedicada à autora homenageada pela Flip 2022, Maria Firmina Reis, que enfrentou anos de invisibilidade e esquecimento, mas produziu primorosos relatos para a história da literatura brasileira. Com especialistas na obra da autora e do período em que ela produziu, o painel pretende provocar um debate produtivo sobre gêneros literários, abolicionismos e a história do Brasil.

Ana Flávia Magalhães Pinto (DF)
Fernanda Miranda (BA)
Midria (SP)
Slam das Minas (SP)
Quinta-feira, dia 24

10h
Mesa 2: Minha Liberdade
Esta mesa propõe uma discussão sobre uma autora sem rosto, cujos escritos permanecem ainda pouco pesquisados. Trata-se do encontro de intelectuais que pesquisam a literatura brasileira e o período em que Maria Firmina dos Reis atuou. Em diálogo, eles podem nos ajudar a entender de que forma a produção da autora contribui para o pensamento sobre o Brasil, sobretudo a partir da Independência.
Lilia Schwarcz (SP)
Eduardo de Assis Duarte (MG)

12h
Mesa 3: A literatura em que habito
A mesa põe em cena escritas profundamente ligadas ao deslocamento, entreculturas, línguas e formas artísticas. Diversos trânsitos migratórios fazem de suas obras um entre-lugar em que se experimentam sentimentos de pertencimento e desarraigo, em que o sentido precisa ser constantemente retraduzido.
Bessora (França, Gabão, Suíça)
Carol Bensimon (RS)
Prisca Agustoni (MG)

19h
Mesa 4: O corpo de imagens
Este encontro instiga reflexões sobre as conexões entre performance, poesia, fotografia, literatura e artes visuais, com a participação de artistas que compõem obras em suportes, linguagens e formatos variados.
Lenora de Barros (SP)
Ricardo Aleixo (MG)
Patricia Lino (Portugal)

20h45
Mesa 5: A festa das irmãs perigosas
Reúnem-se nesta mesa escritoras que inspiram novas formas de contar, seja por meio da desorganização dos gêneros literários canônicos, seja pela discussão profunda de gênero, seja – ainda – pela criação de novas linguagens na literatura, no cinema e no teatro.
Camila Sosa Villada (Argentina)
Luciany Aparecida (BA)

Sexta-feira, 25
10h
Mesa 6: Ainda longos combates
Alusiva ao centenário da Semana de Arte Moderna, a mesa coloca frente a frente intelectuais que discutem as implicações de uma noção de brasilidade na literatura. Pensando no cânone brasileiro, eles colocam em pauta a contribuição de autores marginalizados para a criação de uma identidade que seria colocada em xeque pela Semana de 22.
Allan da Rosa (SP)
Eduardo Sterzi (RS)

12h
Mesa 7: Risco e transformação
Um encontro entre diferentes gerações de escritoras que trabalham com linguagens artísticas, e, ao se cruzarem em seus trabalhos, trazem uma discussão sobre as pontes entre poesia e artes visuais, feminismos e outros ativismos.
Cecilia Pavón (Argentina)
Fabiane Langona (RS)

15h
Mesa 8: O que deixaram para adiante
Esta mesa põe em diálogo autores que se apropriam de elementos presentes em discursos e tradições variados para reinventar gêneros e ressignificar acontecimentos, colocando genealogias em choque e questionando o presente.
Ladee Hubbard (EUA)
Geovani Martins (RJ)

17h
Mesa 9: E se eu fosse
A mesa reúne autores que borram as fronteiras entre o eu ficcional e o eu autoral. Com trabalhos tão genuínos quanto controversos por sua ruptura com o decoro, eles levantam questões sobre a politização da arte e os limites entre literatura, vida, texto, autoria e voz narrativa.
Amara Moira (SP)
Ricardo Lísias (SP)

19h
Mesa 10: Do mal que tu me deste…
Uma entrevista intimista com o fenômeno literário que embaralha as fronteiras entre os gêneros com narrativas que explicitam as relações entre ciência, sociedade e literatura. Sua imaginação se alia a uma escrita que põe em suspensão as definições e os limites da arte para indagar a ética da existência humana.
Benjamin Labatut

20h45
Mesa 11: Livre e infinito
Mesa dedicada à artista Claudia Andujar, com a participação de duas gerações de fotógrafas brasileiras comprometidas com a Amazônia e os direitos humanos.
Davi Kopenawa Yanomami (RR)*
(Davi Kopenawa testiu positivo para Covid e, por isso, ele não virá à Paraty. Porém, estamos estudando a possibilidade de sua participação de forma remota e online)
Nair Benedicto (SP)
Nay Jinknss (PA)

Sábado, 26
10h
Mesa 12: Cidades e floresta
O músico paratiense Luís Perequê, a educadora, filósofa e artesã Cris Takuá e o líder e cineasta indígena Carlos Papá, ambos do povo Guarani Mbya, trazem os saberes ancestrais e práticas locais para o centro do debate sobre a construção de sistemas abertos de cidade.
Luís Perequê (RJ)
Carlos Papá (SP)
Cristine Takuá (SP)

12h
Mesa 13: Memória Flip 20 anos
Autores que participaram das primeiras edições da Flip discutem os rumos, produções e movimentos dos últimos vinte anos do cenário literário nacional e internacional.
Pauline Melville (Guiana)
Bernardo Carvalho (RJ)

15h
Mesa 14: Diamante Rubro
As autoras reunidas aqui desviam-se da simplificação e se abrem a ambivalências. Elas ressignificam a ideia de narrar os acontecimentos, inspirando um exercício do ofício literário que está em constante combate com a realidade. Com linguagens construídas à luz de suas experiências, elas lançam reflexões sobre o papel da arte e a força da escrita.
Annie Ernaux (França)
Veronica Stigger (RS)

17h
Mesa 15: Desterrando o susto
A mesa propõe o encontro entre duas autoras que escrevem sobre solidão, ruptura e travessias. Com desejo e bravura, em viagens pelo mar e pela terra, elas incentivam a criação de novos espaços para criação e imaginação do público.
Nastassja Martin (França)
Tamara Klink (RJ)

19h
Mesa 16: Entrar no bosque de luz
No calor do giro decolonial e na revisão profunda de posições secularmente arraigadas sobre gênero e raça, esta mesa propõe o encontro de grandes talentos narrativos e perspectivas sócio-históricas diversas, de modo a pensar como a escrita constitui um espaço para revelar o protagonismo invisibilizado de populações oprimidas na tessitura do cotidiano.
Luiz Mauricio Azevedo (RS)
Saidiya Hartman (EUA)
Rita Segato (Argentina)
21h

Mesa 17: Palavra livre
A mesa panlusófona responde à emergência de novas vozes, às margens dos espaços clássicos de consagração literária, a sua força lírica, a um só tempo poética e política. Ao mesmo tempo, em diálogo com outras linguagens, a mesa contempla a performance e a memória do corpo, que se reafirmam nas artes dramáticas e na própria escrita.
Alice Neto de Sousa (Portugal)
Lázaro Ramos (BA)
Midria (SP)

Domingo, 27
10h
Mesa 18: O brando leque do gentil palmar
Esta mesa reúne escritoras que incorporam causas e clamores coletivos nas mais variadas manifestações, expandindo os limites do que é lido como periférico, de Cuba ao Sertão brasileiro. Cada uma à sua maneira, as escritoras desnaturalizam olhares sobre o feminino e o feminismo com suas poéticas.
Teresa Cárdenas (Cuba)
Cida Pedrosa (PE)

12h
Mesa 19: Encruzilhadas do Brasil
Um diálogo que discute quais ideias sobre o Brasil, real ou imaginado, mobilizam sua criação, assim como de que forma outras manifestações artísticas influenciam a sua produção, expandindo ou misturando gêneros literários.
Cidinha da Silva (BH)
Cristhiano Aguiar (PB)

15h
Mesa 20: Livros de cabeceira
Como já é tradição na Flip, autores convidados reúnem-se para ler trechos de suas obras preferidas.
Cecilia Pavón (Argentina)
Cidinha da Silva (BH)
Ladee Hubbard (EUA)
Nastassja Martin (França)
Teresa Cárdenas (Cuba)

Rascunho

O Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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