🔓 Fenômeno editorial islandês, ficção especulativa discute polarização política

Primeiro romance de Fríða Ísberg, traduzido em diversos idiomas, mostra a mobilização da população às vésperas de um plebicito na capital Reykjavik
A islandesa Fríða Ísberg, autora do romance “A marcação”
14/07/2023

A islandesa Fríða Ísberg vive em Reykjavik, onde participa do coletivo de escritores Svikaskáld e produz resenhas para o suplemento literário The Times. Ela publicou um volume de contos e dois títulos de poesia. A marcação, seu primeiro romance, chega agora ao Brasil depois de receber vários prêmios em seu país. Sua obra já foi traduzida para dezessete idiomas.

Nesta ficção especulativa, Ísberg imagina a cidade de Reykjavik, capital da Islândia, dividida por um muro de acrílico. De um lado, aqueles que se submeteram ao teste de marcação; de outro, os que ainda lutam contra o que consideram um mecanismo de polarização e preconceito.

Trata-se de uma avaliação de empatia criada para prever comportamentos antissociais que define quanto cada pessoa é suscetível a se engajar nas emoções alheias. Às vésperas de um plebiscito que decidirá se esse teste de marcação deve se tornar compulsório, a tensão é crescente e os impactos, imprevisíveis.

Políticos, professores e cidadãos de todas as idades apresentam motivos, cálculos e consequências da implementação do projeto em suas vidas e relações. Amigas de longa data, Tea e Laíla trocam cartas se alfinetando a esse respeito.

Ólafur Tandri é um psicólogo influente que sempre desejou fazer do mundo um lugar mais justo. Na escola de um bairro marcado, a professora Vetur enfrenta frequentes crises de ansiedade, mesmo tendo a seu favor uma medida protetiva determinada pela polícia. Tristan, um rapaz na casa dos 20 anos que faz uso abusivo de substâncias entorpecentes, corre contra o tempo para se livrar do teste e acaba envolvido com o movimento LUTA, liderado por Magnús Geirsson, ativista anti-marcação.

Nome de destaque da nova geração de escritores islandeses, Fríða Ísberg constrói uma prosa espirituosa, na qual se enxergam problemas contemporâneos como a soberania do politicamente correto, a especulação imobiliária desenfreada, as taxas crescentes de evasão escolar, o uso excessivo de medicamentos e a falta de vínculos afetivos.

A marcação
Fríða ísberg
Trad.: Luciano Dutra
Fósforo
280 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

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