A editora e agente literária EugĂŞnia Ribas-Vieira estreia na literatura com o romance Onde choram as crianças, que discute assuntos como a relação entre mĂŁes e filhos, amor e desejo, paixĂŁo e vingança, desamparo e perdĂŁo. O lançamento acontece em 14 de junho, na Livraria Janela (R. Maria AngĂ©lica, 171 – loja B – Jardim Botânico, Rio de Janeiro).
Atuando desde os 16 anos no mercado editorial, EugĂŞnia iniciou sua carreira profissional como freelancer na Rocco, onde trabalhou por seis anos como assistente editorial.
Na Editora Globo, exerceu a função de editora de ficção durante quatro anos. Atualmente, é agente literária na Agência Riff e atua com foco em literatura brasileira contemporânea.
Em sua narrativa de estreia, Eugênia conta como uma doença enigmática deixa um rastro de sangue e silêncio na pequena Nossa Senhora das Dores, borrando de vermelho a existência e os sonhos dos moradores do lugarejo.
Em uma tarde de disputas infantis e brincadeiras, Ă© a vez do pequeno LuĂs receber sua sentença de morte: seus lábios ficam roxos depois de provar a rapadura que ganhara como prĂŞmio na caça ao tesouro com os amigos.
Ele é condenado a sangrar sozinho, como um bezerro morto, turvando de medo a infância das crianças. “Onde podem chorar as crianças, sozinhas em sua dor?”, pergunta-se a autora.
Em Onde choram as crianças o silĂŞncio e a solidĂŁo tomam conta das casas modestas e dos corpos raquĂticos, ditando o tom e o ritmo da trama. Personagens sufocados por existĂŞncias miĂşdas e marcados por abandonos em sĂ©rie: da casa de Deus a das beatas, o medo e as meias-palavras mantĂŞm vidas e desejos na penumbra.
Sinhá Dora nĂŁo consegue cuidar do pequeno LuĂs depois que o garoto adoece. Solitária e envelhecida, ela prefere manter o filho a salvo dos boatos, deixando-o Ă mĂngua no quarto de entulhos. “Em Nossa Senhora das Dores, nĂŁo era curiosidade nenhuma saber da dor do outro”, conta a autora. O sofrimento era narrado em confissĂŁo, apenas, e valia o preço do expurgo e da salvação.