A obra de José Paulo Paes tem voltado a circular em novas edições e também por conta de trabalhos que discutem sua produção literária. Anatomia da meia-palavra, organizado pelos acadêmicos Henrique Duarte Neto e Marcos Pasche, lançado recentemente pela Editora da UFPR (Universidade Federal do Paraná), traz ensaios sobre diversas facetas do trabalho de Paes.
Os sete ensaios que compõem a obra tentam dar conta da abrangência de Paes como intelectual, autor cuja produção abarcou múltiplos gêneros. E se é verdade que, no conjunto da sua obra, a poesia e a tradução foram privilegiadas frente à ensaística, não se pode dizer que esta não esteja presente em muitos momentos, mesmo que de forma indireta.
De todo modo, os ensaios reunidos — realizados por sete autores que, em momentos diferentes de suas trajetórias, pensaram a obra de José Paulo Paes — traçam um perfil do conjunto da produção literária do poeta e tradutor, merecendo destaque para as elaborações acerca da história e sua dinâmica social; as consonâncias e afinidades com autores do modernismo brasileiro, em especial Carlos Drummond de Andrade; as aproximações da poesia com o contexto literário inicial do autor, principalmente o cenário curitibano, que viu nascerem suas primeiras publicações; a influência do humor, do chiste e da ironia na crítica social elaborada por Paes.
No fundo, poesia, tradução e ensaística, embora guardem nítido grau de distinção, encontram-se de algum modo amalgamadas na obra do Poeta de Taquaritinga. Por isso os ensaios reunidos em Anatomia da meia-palavra oferecem um recorte no tempo e na obra de José Paulo Paes.