🔓 Ensaio inédito no Brasil de Albert Camus reflete sobre pena de morte

Em “Reflexões sobre a guilhotina” o Prêmio Nobel de Literatura tece críticas a qualquer argumento em defesa da pena capital, usada na França até 1977
Albert Camus, autor de “Reflexões sobre a guilhotina”
04/03/2022

Um dos mais importantes pensadores do século 20, Albert Camus discute a pena de morte, em especial a execução por meio da guilhotina, no ensaio Reflexões sobre a guilhotina, pela primeira vez publicado no Brasil em edição da Record.

Em 1914, o pai de Camus, descrito como um homem bom, comparece a uma execução pública. Após a decapitação do assassino, considerada por muitos uma pena “suave demais” por conta de seus crimes, ele volta para casa em choque, em completo silêncio, passa mal e vomita.

Esse é o ponto de partida do ensaio em que o autor tece críticas a qualquer argumento em defesa da pena capital, que foi usada na França até 1977, menos de 50 anos atrás. O livro tinha sido publicado juntamente com ensaios de outros dois autores sobre o tema em 1957, ano em que Camus recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Para o escritor, em uma sociedade dessacralizada não pode haver uma pena definitiva. Além disso, Camus argumenta que, para se acreditar que a morte na guilhotina teria um caráter exemplar, seria preciso partir do pressuposto de que a morte de um criminoso condenado num processo judicial, sujeito a falhas, impediria crimes que poderiam nunca ser cometidos. Ou seja, mata-se uma pessoa por uma hipótese.

Albert Camus já vendeu quase 500 mil livros no Brasil. Reflexões sobre a guilhotina tem prefácio de Manuel da Costa Pinto, especialista na obra do autor, mostrando como a pena de morte foi tratada em outros livros de Camus.

Reflexões sobre a guilhotina
Albert Camus
Trad.: Valerie Rumjanek
Record
98 págs.
Rascunho

Rascunho foi fundado em 8 de abril de 2000. Nacionalmente reconhecido pela qualidade de seu conteúdo, é distribuído em edições mensais para todo o Brasil e exterior. Publica ensaios, resenhas, entrevistas, textos de ficção (contos, poemas, crônicas e trechos de romances), ilustrações e HQs.

Rascunho