Um presidente de extrema direita é morto por um adolescente não binário. Essa é a premissa do novo livro de Santiago Nazarian, Veado assassino. Por meio de uma longa entrevista, o leitor passa a conhecer a história do jovem e as decisões que o levaram a cometer o ato. O livro chega às livrarias no final de julho.
Renato é um adolescente não binário de Santa Catarina. Viciado em games, tem uma relação conflituosa com os pais conservadores e a irmã, uma mulher trans. Mas sua vida não teria nada de tão singular se não fosse um ato cometido por ele que passaria a defini-lo: o assassinato do presidente de extrema-direita que estava no poder.
Assim, sua história é narrada: os anos de formação, o ódio biliar e os preconceitos velados ou explícitos mostrados por meio de um vertiginoso diálogo entre Renato e um interlocutor misterioso. Questões raciais, sexuais e de gênero são colocadas numa balança sempre desequilibrada, e o leitor, como um detetive, busca razão e coerência em um menino que é, em muitos sentidos, retrato de uma geração em crise.
Depois de se aprofundar no legado do genocídio armênio em Fé no inferno, finalista dos prêmios Jabuti e Oceanos, Santiago Nazarian retorna à prosa cáustica e experimental que marcou sua obra. Seu existencialismo bizarro serve de base para um livro que discute temas controversos.