O filósofo Luiz Felipe Pondé acaba de lançar uma obra inédita, editada pela Globo Livros. Em Notas sobre a esperança e o desespero, o autor recorre à filosofia, teologia e literatura para trazer pensamentos sobre os opostos sentimentos de esperança e desespero.
Ao discorrer sobre os temas, o próprio autor nos lembra de que é um “filósofo, muitas vezes, cético, irônico e niilista”. Entretanto, admite: “Devo confessar, apesar do meu niilismo ser sincero, ele não é pleno. Laivos de esperança me acometem algumas vezes, e, até hoje, não sei de onde vêm. Toda vez que pressinto o bem, suspeito de um milagre. E isso me levou a estudar mística, filosofia da religião e teologia. Fui a essas disciplinas para não me sentir só.”
E conclui: “O tema do desespero me acompanha desde muito jovem. O da esperança passou a me espantar há pouco tempo. Para mim, a esperança nasce do solo do desespero, da falta absoluta de razão para tê-la. Por isso é uma virtude (como se diz no catolicismo, uma virtude teologal) improvável. Um milagre. Mas a virtude sempre guarda uma relação muito próxima com seu oposto, assim, toda ética é um combate.”
Luiz Felipe Pondé é doutor em filosofia pela USP, com pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv, em Israel. É colunista da Folha de S.Paulo, diretor do laboratório de política, comportamento e mídia da PUC-SP e professor de filosofia na FAAP. É autor de diversas obras, como A era do ressentimento, Crítica e profecia — a filosofia da religião em Dostoiévski e A filosofia da adúltera.