Entre 2009 e 2015, Vanessa Ferrari foi editora da Companhia das Letras. Durante esse período, ela coletou impressões a partir de originais — que passaram por suas mãos — submetidos para publicação.

Agora ela algumas observações sobre o ofício da escrita em O lugar das palavras, em que propõe ampliar o olhar sobre a nossa língua a partir de critérios dos profissionais do texto. O primeiro lançamento do livro será nesta terça-feira (20), às 19h, no São Cristóvão Bar (Rua Purpurina 370, em São Paulo).

Com argumentos que se apoiam na língua em movimento, nas obras contemporâneas e na edição de textos literários, a sua defesa é clara: desvincular o escritor culto da narrativa palavrosa, diferenciar o falso simples do simplório, propor a clareza ao invés do obscurantismo e, mais importante, exercita o raciocínio por trás das escolhas, conduzindo o leitor na passagem entre dominar a língua para fins cotidianos e seu uso literário.

Jurada de premiações importantes do país, como Prêmio Sesc, São Paulo de Literatura e Kindle, Vanessa editou vários livros de autores estreantes, entre eles A palavra que resta, primeiro romance de Stênio Gardel, publicado pela Companhia das Letras, Dama de paus, de Eliana Cardoso, vencedor do Prêmio Kindle de Literatura, em 2019, e O imortal, de Mauricio Lyrio, semifinalista dos Prêmios Oceanos e São Paulo de Literatura.

“Algumas decisões de escrita apareceram com frequência e, a partir delas, uma tipologia se desenhou. Nomeados como ‘Saudosista’, ‘Poético’, ‘Conciso’, ‘Erudito’ e ‘Autobiográfico’, esses narradores mostraram que, com uma voz ainda em construção, o estreante se apoia a um tipo narrativo que ele mais se identifica, entende como texto final o que ainda é esboço e escolhe palavras, constrói frases sem usar todo o potencial da língua como ferramenta estética”, escreve Ana Elisa Ribeiro no texto de orelha do livro.