Em comemoração aos 40 anos da publicação do romance Não verás país nenhum (1981), de Ignácio Loyola Brandão, a Global lança uma versão da obra com novo projeto gráfico, material de apoio e um texto do próprio autor explicando como surgiu a ideia do conto O homem do furo na mão, que viria a se tornar o livro.
Na narrativa, ambientada em um futuro não determinado, a água é produto de luxo, o calor está insuportável e o ser humano assiste ao desaparecimento de áreas verdes e rios, restando flores artificiais e montanhas de lixo. Além disso, há controle de informação, a população cresce desenfreadamente, a polícia mais atrapalha do que ajuda e a alienação parece regra.
Qualquer semelhança com a realidade de hoje não é mera coincidência. Na capa de Não verás país nenhum há um QR Code que leva o público a um vídeo exclusivo, no qual Ignácio comenta as sinistras previsões de sua obra e o tudo que acabou se concretizando. A ONU, afinal, acaba de anunciar que os danos ao meio ambiente estão em nível irreversível.
Vale lembrar que o romance é o segundo de uma trilogia distópica, composta por Zero (1975) e Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela (2018). Os livros não têm continuidade entre si, necessariamente, mas conversam por meio de uma pena pouco confiante em relação ao futuro da humanidade.
Ignácio Loyola de Brandão nasceu em Araraquara (SP), em 1936. Apesar do teor sinistro de alguns de seus livros, mostrou-se bem-humorado ao participar da seção Inquérito, veiculada mensalmente no Rascunho. Para o jovem escritor, deixou um conselho: “Se nada vem, vá dormir, veja um filme, encha a cara, trepe, viva a vida”.