A Instante lança no Brasil A biblioteca do censor de livros, primeiro título da kuwaitiana Bothayna Al-Essa traduzido diretamente do árabe para o português. O romance apresenta uma narrativa distópica em que a censura estatal se estende não apenas aos livros, mas também à imaginação, aos sonhos e aos desejos.
Na trama, um homem inicia seu trabalho como censor em uma repartição pública. Sua função é identificar trechos que possam tornar obras impróprias para circulação — referências a Deus, ao governo ou ao sexo, por exemplo. No entanto, ao lidar com novas edições de clássicos, o personagem começa a sonhar com figuras literárias e, gradualmente, aproxima-se de grupos de resistência: bibliotecários clandestinos, livreiros que vendem obras proibidas e leitores secretos.
O conflito se intensifica quando sua filha passa a ser alvo do regime, que busca “corrigir” comportamentos considerados desviantes. A narrativa discute os impactos da censura sobre a cultura e a liberdade de expressão, tema que ressoa no atual cenário mundial.
Publicada em diversos países, a obra recebeu elogios de críticos e escritores. Para Alberto Manguel, A biblioteca do censor de livros “é uma obra-prima necessária, provando que a verdadeira ficção não é uma fuga, mas uma exploração das profundezas da condição humana”.
Bothayna Al-Essa nasceu no Kuwait, em 1982. É fundadora da biblioteca e editora Takween e autora de mais de dez romances, entre eles Mapas do extravio. Seus livros já foram traduzidos para línguas como inglês, italiano, russo e indonésio. Além de romances, também escreve ensaios e literatura infantil, e conduz oficinas de escrita criativa.