Em seu mais recente livro, Um dia esta noite acaba, o dramaturgo e roteirista Roberto Elisabetsky entrelaça a trajetória de uma família com a história recente do Brasil por meio de uma estrutura que alterna a ação das personagens com recortes históricos, desde o fim da década de 1950 até os anos 1980.
No dia 25 de janeiro de 1984, data em que a cidade de São Paulo comemorava 430 anos de fundação, milhares de pessoas se reuniam na Praça da Sé no movimento das “Diretas, Já!” e exigir o fim de uma longa ditadura civil-militar.
Enquanto assistem ao comício pela TV, Fernanda e seu filho, Ernesto, tentam encaixar esse novo acontecimento da história brasileira no mosaico do seu passado, marcado por um trágico desaparecimento. É nessa noite que recebem a visita de uma desconhecida, que traz revelações inesperadas sobre os eventos que marcaram suas vidas.
Ambas as narrativas convergem para um desfecho surpreendente, em uma história sobre o preço pago pela sociedade brasileira na luta por direitos democráticos, em contraponto aos riscos que a democracia enfrenta novamente no atual momento político do país.
“Um evento tão grandioso quanto o comício das ‘Diretas Já’ parece implorar para ser contado de forma cinematográfica, e é isso que Roberto Elisabetsky faz”, escreve no texto de orelha o jornalista e tradutor Irineu Franco Perpétuo.
“Porém, não do modo mais previsível: em vez de mobilizar inebriadas massas eisensteinianas em um painel épico da catarse coletiva, Elisabetsky opta por uma sutil dramaturgia de afetos, baseada em um jogo de revelações e lembranças”, conclui.
Roberto Elisabetsky é autor ainda dos romances Take 2 (1992) e Cadafalso (2019) e da coletânea de contos A última coisa (2015).